sexta-feira, março 09, 2007

Alguns comentários sobre nacionalismo, a propósito de asneiras correntes sobre “país basco” e “nacionalismo basco"

(discussão nascida no FORUM PÁTRIA)

Nunca existiu "país basco" nenhum, em nenhum momento da história.
E quanto às aspirações políticas, o independentismo nunca representou nas províncias espanholas das Vascongadas mais de 30 % do eleitorado, e no departamento francês uns 5 a 6 %.
O "euskera" é uma língua inventada, de tipo laboratório, que serviu para unificar os múltiplos dialectos da região.
Mas apesar das imposições políticas é falada apenas por uma parte minoritária da população, na zona espanhola. E praticamente por ninguém na zona francesa.
As doutrinas de Sabino Arana são um conjunto de delírios próprios do final do século XIX: também houve em Portugal nessa época quem escrevesse que somos um povo descendente dos Atlantes, um povo com caracteres únicos e diferentes herdeiro da Atlântida...
O "nacionalismo" basco não é um nacionalismo, porque este pressupõe a existência de uma nação.
Corresponde mais ao que lhe chamou Miguel de Unamuno (que era basco): "um ressentimento de aldeões".
Quanto à ETA, hoje em dia trata-se de um fenómeno de puro banditismo camuflado sob uma capa política: precisa de manter o medo através do terror para cobrar o "imposto revolucionário", de que vivem os seus membros. Em linguagem apropriada, isto é apenas um bando organizado para praticar crimes de extorsão.
A Espanha ou a França são nações. Uma nação é uma construção histórica, uma unidade de destino no universal. No seu processo de constituição e desenvolvimento histórico uma nação agrega geralmente elementos diversos, de origens várias. De povos pre-existentes, inevitavelmente.
A Espanha resultou de uma evolução histórica que uniu leoneses e cantábricos a castelhanos ou galegos, catalães ou valencianos, aragoneses e navarros, andaluzes e vascos... Essa diversidade integra uma unidade política que é a representação jurídica de uma nação.
"Nação basca" é coisa que nunca existiu, nunca, nem por breves instantes, existiu uma realidade política diferenciada que agrupasse os "bascos" como uma entidade própria...
Exactamente como os transmontanos ou os alentejanos: identidade própria, mais forte ou mais fraca, evidentemente que temos. Mas falar de uma "nação alentejana" ou de uma "nação transmontana" é uma fantasia sem qualquer suporte factual.
Seria bom que os nacionalistas deixassem de correr a foguetes, indo atrás de qualquer coisa em que se põe o rótulo de "nacionalista". Por este caminho ainda vamos adorar o Robert Mugabe ou o ditador da Coreia do Norte, que são todos "nacionalistas".
Repare-se que o programa de destruição das nações europeias desenvolve-se paralelamente e articuladamente num movimento em tenaz: por um lado a burocracia bruxelense procura estabelecer um estado abatendo as soberanias nacionais; por outro lado fomenta-se a desagregação dessas nações encorajando movimentos particularistas, seja na Bretanha ou nas Vascongadas ou na Lombardia.
Tudo converge: é preciso destruir as Nações. Até o regresso ao tribalismo há-de servir esse objectivo.
Trata-se, rigorosamente, de anti-nacionalismo.

20 Comments:

At 3:07 da tarde, Blogger Francisco Múrias said...

Se os bascos não são uma nação a que nação é que pertencem ?

À Espanha?
À Navarra?
A Castela?
À Catalunha?

 
At 4:05 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Só para lhe recordar que a falácia espanhola dos falangistas e que já vêm de Antómio Primo de Rivera(com o devido respeito pela sua Alma grande) e de outros autores, não reconhece, verdadeiramente a separação e a independência de Portugal, a não ser como fruto de factores e interesses externos. Aliás, a "Unidade de destino no Universal" das Españas monárquicas e tradicionalistas não reconhece (intelectualmente) a independência de Portugal, porque justamente a razão desta mesma expressão falaciosa baseia-se no agrupamento de nações e reinos distintos mas de tronco próximo numa pátria comum geográficamente coerente (Hispânia) - unidas pelo catolicismo e por uma missão histórica e rei comum - sendo em si, como reconhecia Primo de Rivera, particulares (mas unidas nas "Espanhas").

Euskadi existe sim, mesmo com os seus dialectos(unidos modernamente por Sabino Arana) e regiões diversas(Gipuzcoa, Alavés, Vizcaia, Nafarroe, Gasconha). Parte integrou-se e fez Castela, separando-a de Leão(a que se veio juntar novamente em 1230 numa posição de força); mas parte de Euzkadi existiu sim, ao contrário do que escreve, e por longos séculos, no reino independente de Nafarroe (Navarra), só anexada pelos Reis Católicos muito tarde e já na idade moderna - em 1512.

A matriz espiritual de Aragão(hoje castelhanizado) é a Catalunha, o seu mar mediterrâneo, a sua lingua (que a distingue completamente de Castela) e o seu grande império até à Grécia - o primeiro Império penínsular. São as línguas que fazem o espírito das nações. Valência e Catalunha, não obstante tribalismos e rivalidades de cidades, são mesma "nação".

Obviamente que a Galiza, por outro lado, é étnicamente e linguísticamente Portuguesa e não Castelhana ou mesmo Leonesa(aqui já com fortes laços apesar de tudo) - e não é, por consequência, "Espanha".
Galiza vem de Calécia - Cale - de PortuCale - do tempo da divisão romana.

Já é tempo de Lisboa perceber que não há perigo de reconhecer que a margem norte do Douro é galega - mas é acima de tudo portuguesa (de 900 anos). São duas verdades que se interpenetram, sendo a segunda superior. A Lusitânia e a Galiza interpenetram-se, por muito que alguns nacionalistas Galaicos não o reconheçam. A mesma lingua, com diferentes pronúncias, une galaicos e moçárabes - e a Nação Portuguesa assegura pela tradição antiga a união da maior parte da face ocidental da Ibéria.

A sapiência está em não desmembrar a Espanha(Ibéria) em demasiadas "nações" ficticias - polos de fraqueza e divisionismo peninsular - e consequente federalismo que tudo fará para regionalizar (dividindo por exemplo o norte galaico-português do Portugal centro e sul e moçárabe).

O que está em causa é reconhecer que esta "Espanha" actual como "nação" não existe - porque nestes parâmetros, e com este "nome" nem sequer faz sentido sem Portugal - e portanto, num eventual mundo hoje globalizado, de direitos e organizações, mas incerto no futuro - é uma eterna "ameaça" como conceito, a Portugal - não fosse a proteccção Divina que temos e a forte identidade construída com pedra firme, Pedra Espiritual.

As linguas são veículos do Espírito. A Portugaliza é Portugal, não é espanhola(independentemente de dialectos hoje isolacionistas).
Existe uma coluna Galaico-lusitana a Oeste; um Planalto Espanhol ao centro e de língua Castelhana - com partcularismos autonómicos Andaluzes, Cantábricos, Leoneses, parte Astor-leoneses, e parte de Aragoneses, agrupáveis nesta grande Espanha - se os respectivos povos o entenderem, salvaguardando as suas identidades próprias (Sería o melhor); existe também a nação Catalã e Valenciana a este e Euzkadi(Vascónia) a norte.

Nações, nações - com viabilidade - que se posicionem virtuosamente entre a actual "Espanha" unificada e artificial e o divisionismo absurdo de Taifas que arrastaria Portugal para o regionalismo desmembrador e eventual federalismo Ibérico - são estas Três ou Quatro Nações, baseadas na língua.

"Super-Espanhas", "Super-Germânias", "Super-Franças", "Super-Escandinávias" de "unidade de destino no universal" que têm (em alguns casos) sistemáticamente destruido ou ofuscado nações enormes e tradicionais como a Borgonha, a Baviera(que resiste com o seu dialecto alemão próprio), ou nações de cultura e lingua preciosas como o Langdoc ("Occitânia") - sistemáticamente debaixo da razia escolar franca de novecentos; - contra isto temos que avançar, se queremos salvar a Europa - contra isto é que teremos de lutar.

Portugal, pela protecção Divina, história e geografia , é um dos sobreviventes europeus à razia e às falácias das grandes "Hispânias", das grandes "Franças(Gália)", das "Grâ-Bretanhas" e das "Germânias" - todas no fundo, baseadas em "unidades de destino no Universal".
Sendo assim, sejamos coerentes com Deus e connosco próprios, como Portugueses.
Portugal e Espanha, como vimos, cumpriram unidades de destino no Universal sem deixarem de ser soberanas entre si - não precisaram da união ibérica tão ansiada por franquistas e falangistas.

 
At 7:47 da manhã, Blogger António Viriato said...

Há por entre estas intervenções, amiúde, uma linguagem algo mística, de fundo lírico, muito enredada em conceitos espiritualistas que confunde e afasta quem preza sobretudo o pensamento claro, objectivo, ainda que lhe encontre algum sabor literário. Conviria que se fizesse um esforço de objectividade, partindo dos factos para a elaboração das teorias, históricas ou outras. No resto, reconheço que estão aqui linhas de pensamento interessantes, fora do linguajar corrente da chamada comunicação social, cada vez mais esterilizada, normalizada por agendas impostas e, com isso, já quase previsível no que vai dizer ou escrever.

 
At 8:38 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Portugal é um rincão que foi sempre apetecível a Castela. No entanto, melhor ou pior e ao longo do tempo, manteve a sua indepência seguramente muito anterior à da "fundação" de Espanha.
Parece que esse assunto está inteiramente esclarecido.
As Vascongadas podem ter pretenções de recuperar a sua muito antiga posição mas, o caso é que não têm condições de qualquer espécie para tanto. Estão numa zona linda, muito castiça, mas muito pobre e que não pode sobreviver sem a mãe Espanha a suportá-las.

Nuno

 
At 8:26 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Seja como for, o Pais Basco (Vasco) não tem o direito de impor as suas pretensões por intermédio de uma organização terrorista, a ETA, a qual já causou um milhar de mortes e muitos aleijões.

 
At 12:08 da tarde, Blogger o engenheiro said...

Parabéns Manel. É pena o eruditismo, colado com cuspo, de quem não percebeu bem do que falas...
Pátria é uma coisa; Nação outra! E essa das línguas peninsulares nem ao Arana tal lembraria. Fiquei a saber que Portugal só o é pela protecção Divina, pela geografia e pela história (?). Enfim, fiemos-nos então na Virgem...

 
At 9:49 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Oh Engenheiro:

1º Não é eruditismo colado com cuspo. É simplesmente ausência e "eruditismo", ou mesmo puro "eruditismo". Aquilo que escrevo, mal ou bem, erróneo, disparatado ou certo, é autêntico e é assim mesmo, sem a mais leve ponta de afectação eurita.Pode ser defeito, pode ser qualidade, mas é autêntico, sem ponta de afectação.

As três faces da Ibéria são a Catalã Mediterrânica, o planalto central "Castelhano" e o ocidente Galaico-Português e até leonês antigo (hoje vinculado a Castela) -a que juntamos a peculariedade Vasca. Não falo tanto de Reinos tradicionais ou comunidades tradicionais, e outras peculariedades regionais andaluzas, Reinos de Sevilha, Jaez, Granada etc,etc.

Já que falámos em baixo do Fernando Pessoa, podemos retirar do texto "Da Ibéria e do Iberismo" do Poeta estas idéias muito melhor expostas.

Compreendi bem o texto e apenas me desviei em algumas considerações.

Finalmente: como o Engenheiro já reparou (ou devia ter reparado), o caro Manuel Azinhal(se me permite o tratamento) terá que avisar a os "Patriotas" espanhóis, sejam eles liberais, carlistas, "descentralistas" ou "centralistas", "Falangistas" ou nacional-sindicalistas etc. e que ainda que díspares nas convicções, defendem a manutenção da unidade do actual Estado espanhol, de que afinal, nesta perspectiva, são "nacionalistas" como diz Manuel Azinhal.

É que estes espanhóis de hoje dizem exactamente o contrário: o "nacionalismo" é a artificialidadee criada pelo liberalismo novecentista - e "nacionalistas" são os independentistas da Catalunha, de Euskalherria do BNG, PNV etc. - por oposição às Pátrias, tradicionais - menos ou mais antigas construções europeias, que Manuel Azinhal aqui refere como "Nações" - No caso de Espanha, o Reino de Espanha unido(englobando a Coroa de Castela, Coroa de Aragão, Principado da Catalunha, Reino de Navarra, Comunidades Vascongadas etc) por oposição a criações como EuskalHerria etc.; o Reino de França, o Reino de Portugal etc - o contrário do conceito que defendem os Espanhóis apologistas da unidade, que apelidam justamente os separatistas e criadores de "novas nações"(por oposição aos velhos Reinos europeus e ao Reino que os une desde 1470 e 1512) de "nacionalistas".

Teremos todos que consultar a etimologia e os dicionários de Português e Castelhano e adaptá-los à disparidade de conceitos luso-espanhóla.

Quanto ao terrorismo, inteiramente de acordo - desprezo e condeno todo o tipo de terrorismo.

Quanto à Protecção Divina à nossa nação, é Verdadeira. Tenho as minhas Convicções e esta é uma delas.

 
At 9:59 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Caro António Viriato

Daquilo que escrevi, ideias que não são "virgens" nem originalmente minhas (Já falei no Feranado Pessoa), podemos retirar a ideia de três "Nações" pemínsulares, a que podemos acrescentar as Vascongadas idealizadas, com uma "Espanha" central unida em autonomias - mas ainda assim unida. É um projecto ideal, muito próximo do actual estado de coisas e sem cair numa Ibéria de "Taifas" e propensa ao federalismo desmembrador que podería arrastar Portugal (algo que queremos evitar para a nossa Pátria e para a própria Península). Reconheço que é muito idealista - talvez pouco praticável, mas não deixa de ser um Ideal.

Obrigado.

 
At 10:00 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Correcção: Fernando Pessoa, escrito como deve ser.

 
At 11:10 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Correcções: "ausência de erudição"; "peculiaridade";
"erudito" etc. - As minhas desculpas.

 
At 8:59 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Seria interessante informar-se melhor antes de expor as suas ideias.
As Vascongadas nunca tiveram qualquer condição de "nação" e sempre estiveram dependentes, embora fosse gente voluntariosa.
O que hoje esse povo pretende - ou melhor, os seus nacionalistas - não tem bases históricas nem faz sentido.

Nuno

 
At 1:01 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Então e o antiquíssimo Reino de Navarra até 1512 ou a célebre Árvore de Vizcaia (Integrada na Coroa de Castela), onde os Reis de Castela (e depois de Aragão) juravam respeitar os Foralismo da Região, reconhecida na sua especificidade.

Isto é uma coisa, o terrorismo é outra.
Eu desprezo e rejeito o Terrorismo.

 
At 1:02 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Pela Portugalização da Ibéria, mas em Paz.

 
At 7:49 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Sabino Arana, racista furibundo, iluminado anti español.

 
At 6:58 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Quer-me parecer que desde 1512 a 2007 decorreram cinco séculos sem que depois - ou mesmo antes - tivesse havido qualquer movimento patrio.
De todos os modos, Navarra é uma questão - que não se põe - e as Vascongadas outra bem distinta.
Creio que há imensa falta de sensatez ao analizar estas questões, muito em particular quando delas derivam movimentos terroristas que não se podem desculpar.

Nuno

 
At 9:37 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Nuno situa la cuestión por cauces de olvidada sensatez

 
At 12:58 da tarde, Blogger António Lugano said...

Sou nacionalista e não corro "a foguetes, indo atrás de qualquer coisa em que se põe o rótulo de "nacionalista". Porém considero pertinente a sua chamada de atenção !
Também, e como tenho escrito, não coloco a Europa (noção geográfica) sobre a Nação (noção étnico-cultural).
É indubitável a existência, nas provincias de Biscaia, Guipuzcoa e Alaba, de um substracto cultural intenso e afirmativo que tem sido aproveitado pelo PNV e pela ETA para os seus designios próprios.
O PNV para, aproveitando o "foral" e as acções da ETA, pressionarem o governo central e obter vantagens para a sua finalidade económica.
A ETA para, através da manipulação pelo medo (assassinatos) e da extorção, manter uma estrutura mafiosa que controla económica, social e culturalmente a totalidade da região. Não esquecer que, como no caso do IRA, os verdadeiros chefes da ETA são os serviços secretos ingleses.
Concluindo, afastando a "cortina de fumo" que encobre a realidade basca, a região é detentora de uma cultura que merece o respeito de qualquer nacionalista.
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Prometheus
http://hesperialeuropa.blogspot.com
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Mneme
http://mnemeeuropa.blogspot.com
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At 8:04 da tarde, Anonymous Anónimo said...

El profesor Antonio Lugano debía ser "fichado" por Libertad Digital como comentarista de referencia por sus sabios y documentados comentarios

 
At 8:01 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Anonymous said... at 9:37 AM
"Nuno situa la cuestión por cauces de olvidada sensatez."
Respondo-te em Português. Ao contrário, a questão está colocada sensatamente.
A situação das Vascongadas não me interessa minimamente nem a Portugal. Porém, é facto que nunca essa região teve qualquer aspiração a constituir-se como "país" pois tem perfeita consciência da sua incapacidade para tal desígnio.

Nuno

 
At 12:33 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Navarra.....¿Moneda de cambio (troco)?

 

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