Coisas do diabo
Entrada, hesitante. Que faço eu aqui? Lembro-me de Papini. Un uomo finito. Bem, depois de se declarar finito fartou-se ele de escrever, muito e bem. Um homem nunca sabe quando está finito. Sabe quando está só; e nessa altura fala sózinho, sempre com a esperança de que alguém escute.
Assim entro eu na blogosfera - com o maravilhamento temeroso com que entrava um recém chegado na Índia de quinhentos. Tanta gente, tanto ruído, e tudo parece estranho.
Familiares são as vedetas. Domina o Pacheco Pereira, com aquele ar reflexivo de quem procura não sabe bem o quê desde que lhe passaram os juvenis entusiasmos estalinistas. Do lado esquerdo avulta o beato Louçã, mais os pregadores restantes, sempre de dedo em riste, impantes de virtude, combatendo a besta.
Para a direita domina o Pedro Mexia, só ou acompanhado por Pedro Lomba ou Pereira Coutinho, dando cartas e passando descomposturas nos desconformes, com a autoridade do seu profundo conhecimento do país de São Sebastião da Pedreira (aquela área entre a Alfredo da Costa e a Gulbenkian, agora com capital no El Corte Inglés) e do seu entranhado patriotismo (do ponto de vista anglo-saxónico, ao que me parece). Trata-se de uma direita catita, a la page, chic a valer. O Mexia é uma espécie de reedição do Dâmasozinho Salcede.
Existem depois umas meninas que procuram marido, e uns meninos que querem casar.
Tudo certo; e pode-se dizer o que em tempos se dizia de uma conhecida marca de relógios e actualmente se diz por vezes do nosso venerável presidente: não adianta nem atrasa.
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