Editoras
Quando penso em editoras portuguesas, desperta todo o meu afecto pela “Guimarães”.
Quanto de mim devo à velha casa da Rua da Misericórdia, não saberei dizer. Mas são muitos anos de uma relação especial, sempre renovada, com a editora de Delfim Guimarães e Francisco Cunha Leão.
Por via dela, também o convívio mais chegado com a Filosofia Portuguesa. E sempre, sempre, lhe encontrei aquele gosto sóbrio e discreto de fazer bem, o apuro e o rigor da forma, a par de uma cultura já centenária de apego e devoção às nossas coisas e aos nossos autores.
Outras poderiam suscitar-me maior sensação de afinidade, até pela filiação intelectual e política dos seus mentores originários, e logo me ocorre a Verbo, de Fernando Guedes et allia, mas o gigantismo alcançado determinou irremediável distanciamento. Outras surgiram e desapareceram, em passageiras tentativas de firmar os pés no difícil terreno em que se desenrola a terrível batalha pela sobrevivência, mas dessas ficou-me a lembrança da dignidade da tentativa e do mérito do que ainda assim se fez.
Mas a "Guimarães" permanece, tranquila, no caminho traçado, como um velho amigo a que sempre se regressa.
Nestes anos mais chegados, alguns amigos temerários têm prosseguido a aventura da edição no ingrato mercado português. Estou a pensar concretamente na "HUGIN” e na “Nova Arrancada”, que em Lisboa se lançaram nessa guerra.
Encontrei-as agora na net; e, não há dúvida, obras já têm; permita o destino que ainda esteja aqui a cumprimentá-las quando lograrem atingir a idade da “Guimarães”, estando nós todos no estado de saúde que esta apresenta, evidentemente.
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