Foi há 58 anos
Deve ser próprio das épocas de confusão, e de fim de ciclo, que todas as atenções se centrem sobre irrelevâncias (o sexo dos anjos) e aquilo que importa fique esquecido, para não perturbar a discussão (ou a digestão).
Só isso explica que passasse em silêncio total mais um aniversário do lançamento das duas primeiras bombas atómicas, em Hiroshima e Nagasaki.
A esquerda não gosta de falar disso: o assunto é desagradável, mas afinal as bombas tiveram justa causa, tratava-se de acabar com o fascismo militarista japonês. Foram bombas boas.
A direita curva, sempre temerosa de incorrrer nas excomunhões da esquerda, também não gosta de falar nisso. O assunto é desagradável, certo, mas se a esquerda diz que foi preciso... e afinal quem lançou as bombas foram os americanos, esses generosos e intrépidos defensores da democracia e dos direitos do homem. E estes beneficiam de imunidade.
Os mortos, esses, não falam.
Mas há silêncios que gritam.
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