O país das maravilhas
Algures nos gabinetes do Ministério da Justiça, alguém regressou de férias na segunda-feira passada, transbordante de energia.
Veja-se só o “Diário de Notícias” de hoje. A toda a largura da primeira página, triunfal, um título informa: “Notários duplicam em todo o país”. E para quem julgasse que tal prodígio podia ser resultado de fenómeno natural, e não fruto da dinâmica acção governativa, logo um subtítulo acrescenta que a “Privatização vai permitir que o número de cartórios passe de 300 para 600”.
E da primeira página mandam-nos para a página 30. Chegados à página 30, nesta, inteirinha, expõem-se os prodígios: os cartórios notariais vão passar de 330 para 600; até final do ano abrem os concursos; e, para que não se pense que tudo fica por aqui, consigna-se que estas alterações “vêm somar-se a outras mudanças que a Justiça está a levar a cabo, nomeadamente a reforma da acção executiva e o novo código das falências”.
Temos pois que esperar os próximos fascículos, a publicar sequencialmente até à rentrée do ano judicial e político.
Mas ainda não mencionei a cereja do bolo. Na mesma página 30, mais um título, a encimar nova prosa de gabinete: “Custas judiciais baixam 95%”. Nem mais: noventa e cinco por cento!
Quando eu for ministro quero ter um assessor assim.
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