Mais memórias
Lembrança traz lembrança.
Ao mencionar em postas anteriores o Diogo Pacheco de Amorim e o Gunter Wallraff, vieram-me em turbilhão mais recordações bem datadas.
Naqueles meses finais de 1974 e no quentíssimo ano de 1975 comprovei eu que o exílio puxa à poesia. Em Madrid até o prosaico António Marques Bessa fez versos....
Mas uma cantilena caiu mais fundo no goto da rapaziada, militantes contra-revolucionários do interior e do exterior, de alma ferida e aberta à poesia – e rapidamente foi transformada em hino.
Trata-se de uns versos precisamente de Diogo Pacheco de Amorim, a que a viola e a voz do José Campos e Sousa deram vida cantada. Aqui deixo, de memória, essa inspirada ressurreição, para os que ainda se lembram, para os que já não se lembram, e para os que nunca conheceram.
É uma pátria quebrando cadeias
É um silêncio que volta a cantar
É um regresso de heróis às ameias
Da cidade que volta a lutar.
É um deserto que vemos florir
É uma fonte jorrando de novo
É uma aurora que volta a sorrir
Ai, nos olhos cansados do povo.
E já ardem bandeiras vermelhas
Nos campos há gritos de guerra
Nas trevas da noite há centelhas
Das rosas em festa da terra.
Canta o vento nos trigos doirados
Dançam ondas à luz das fogueiras
E nas sombras guerreiros alados
Erguem espadas entre as oliveiras.
É uma pátria de novo sagrada
Acordada da morte esquecida
Vitória de nova alvorada
Lusitânia em giesta florida.
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