Para Portalegre
Hesitei muito. O impulso surgiu logo ao ler que em Portel, pelas festas de Agosto, tinham sido prestadas homenagens a José Régio. Afinal, Régio é um dos nomes cimeiros da nossa literatura; afinal, a “Toada” é um poema maior, de que toda a gente conhece apenas uma ou duas estrofes; porque não colocá-lo aqui, integral, como Régio o escreveu, para conhecimento geral?
Mas contive-me; isto vai contra todas as regras do bloguismo; um texto tão grande, quem é que vai ler...
Depois a tentação regressou. Em Portalegre também eu vivi, bem à vista do plátano secular, e de lá ficaram afectos e lembranças, a nostalgia da juventude...
E Régio, sempre Régio, esse homem de Vila do Conde (“entre pinhais, rio e mar”) que o destino fez aportar a Portalegre e ali permanecer 34 anos, a mirar o Largo da Boavista, e a calcorrear os caminhos do Alentejo, a pé ou de burro, à procura de um cristo, de um ferro forjado, de uma trempe, de um pedaço de arte erudita ou popular... Ah grande alentejano honorário, que a honra foi toda nossa em te termos por cá!
Régio é grande! (A propósito, alguém conhece a crítica violenta que o jovem Álvaro Cunhal lhe dirigiu, por não seguir os cânones artísticos do realismo socialista nem se submeter a directrizes de partido?)
E Portalegre merece! Porque não me surgiram ainda novas de Portalegre? Porque não marca presença no ciberespaço?
Seja o que Deus quiser; por Portalegre, e por Régio, aqui fica a magnífica “Toada de Portalegre”, na sua musicalidade única, na sua prosódia inigualável. Que se lixem os ditames do bloguês!
Espero reacções de Portalegre – ao menos escrevam!
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