Silva Tavares
Poucas cidades terão inspirado tantos poetas como a nossa querida Évora; dos mais conhecidos no presente, são geralmente citados poemas de Florbela, Torga, Sophia, Manuel Alegre.... mas andando para trás sempre foi assim.
Já Camões não resistiu a exaltar “a nobre cidade, certo assento/ do rebelde Sertório antigamente”, onde “as águas nítidas de argento” vêm de longe sustentar “a terra e a gente”, “pelos arcos reais, que cento e cento, nos ares se alevantam nobremente”.
Hoje lembro alguns versos de um poema menos conhecido, do poeta estremocense Silva Tavares. Não será um poeta maior, mas também teve os seus momentos de aclamação e glória, aí há uns sessenta anos atrás.
Évora
Quando nós nascemos, Évora velhinha,
- nós, Nação que há oito séculos estua! –
quantos anos tinha
cada pedra tua?
Évora das fontes a chorar baixinho;
Dos arcos, dos nichos, da luz forte e crua:
- Sempre que te vejo prende-me ao caminho
cada pedra tua!
Évora das horas lânguidas de calma;
Dos brancos silêncios na casa e na rua:
- Eu não acredito que não tenha alma
Cada pedra tua!
Évora! – Sacrário místico da Raça
Que nos enternece, que nos perpetua:
- É jóia sem preço, diamante sem jaça
Cada pedra tua!
Évora dos pátios, eirados, cisternas;
Das graças discretas que a luz acentua;
- Possui o segredo das coisas eternas
cada pedra tua!
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