sábado, outubro 18, 2003

As guerras da droga

Em 2002, a produção mundial de ópio, utilizado para o fabrico de heroína, esteve concentrada no Afeganistão, segundo um relatório das Nações Unidas sobre as tendências do comércio de drogas publicado, sexta-feira, em Dublin.
A produção mundial de ópio diminuiu globalmente perto de 25 por cento, sendo setenta e seis por cento do total produzidos no Afeganistão, segundo o relatório da ONU.
O documento salienta uma queda na Europa ocidental, relativa aos últimos anos, mas um crescimento acentuado no Afeganistão, o que conduziu à expansão da venda de heroína no Cáucaso, Ásia Central, Rússia e Europa do Leste.
O relatório das Nações Unidas foi publicado a propósito de uma conferência de dois dias na capital irlandesa, uma iniciativa do Grupo de luta contra o tráfico de droga do Conselho da Europa.
De 1998 a 2002, a produção de ópio decaiu 40 por cento na Birmânia e no Laos, uma tendência que se confirmou em 2003, de acordo com o mesmo texto.
O Afeganistão tinha-se tornado o primeiro fornecedor de ópio ilícito do mundo nos anos 90, então com cerca de 70 por cento da produção mundial, ficando à frente da Birmânia, com 22 por cento, e de Laos, com três por cento. Em 1999 e 2000 a produção local teve o seu auge, com 4600 e 3300 toneladas respectivamente.
No entanto, a colheita de 2001 foi impedida pelos talibans, então no poder, que resolveram irradicar a cultura, proibindo-a e queimando os campos de papoilas, tendo em consequência a produção afegã caído então para 185 toneladas.
Devido a essa actuação, a colheita mundial de ópio passou de 5764 toneladas em 1999 e 4691 toneladas em 2000 para 1626 em 2001, o que levou à subida em flecha dos preços no Afeganistão.
Derrubados os talibans, logo no ano de 2002 o Afeganistão voltou a ser o primeiro produtor mundial de ópio. A sua produção está estimada entre 3200 a 3600 toneladas, numa superfície cultivada de 74 mil hectares, segundo um estudo da Comissão das Nações Unidas para o Controlo da Droga e Repressão do Crime.
Muito se fala em petróleo para explicar opções políticas e estratégicas; mas não seria descabido analisar a importância do factor assim sumariamente referido nas evoluções políticas destes últimos anos naquela região do mundo.