"L’homme cet inconnu"
Alexis Carrel foi Prémio Nobel da Medicina em 1912.
A Academia Sueca honrou com isso os trabalhos do ilustre professor francês (também com nacionalidade americana, o que é menos conhecido), nomeadamente sobre a sutura dos vasos sanguíneos e a recolha de tecidos, que fazem dele um pioneiro de toda a cirurgia, e sobretudo das técnicas de transplante de órgãos.
Mais tarde, no ano de 1935, Alexis Carrel publicou um livro que gozou logo de grande notoriedade, e ao longo das décadas seguintes teve edições sucessivas, tornando célebre o autor.
O livro em causa, “O Homem esse desconhecido”, desenvolvia as sua reflexões sobre o homem, a ecologia, a hereditariedade biológica, a ideia de selecção, além do mais.
Passados os tempos, o livro caiu no esquecimento.
Entretanto, o cientista e professor de Medicina, que foi também um dos mais famosos convertidos ao catolicismo numa época de conversões célebres, ficou com o seu nome em quarenta ruas e hospitais de múltiplas cidades francesas, em pública homenagem ao seu trabalho de cientista, de professor, e de médico nos hospitais franceses.
Há uns tempos, os comissários políticos da esquerda bem pensante descobriram o livro outrora famoso e depois esquecido. E as concepções sociológicas e antropológicas de Carrel mereceram severa reprovação – não são nada correctas, politicamente falando.
Daí nasceu uma frenética campanha de apagamento da memória, com manifestações, comissões, petições, abaixo-assinados, e toda a costumeira parafernália das encenadas indignações: o nome de Alexis Carrel tem que desaparecer das ruas e hospitais franceses, e o autor deve ser para sempre sepultado no esquecimento.
Estabelecida a lista e fixada a agenda, a depuração avança. Tremendo perante as imposições do politicamente correcto, as instituições foram cedendo uma a uma.
Naquele afã tão característico de reescrever os nomes das coisas, até agora vinte e duas cidades desbatizaram ruas e hospitais, retirando o nome de Alexis Carrel. A mais recente limpeza foi o nome do Hospital de Compiégne, onde Carrel foi director e onde a sua acção durante a guerra salvou milhares de vidas.
Conto isto para o caso de algum leitor encontrar por aí algum exemplar do livro maldito, ou saber de alguma biblioteca que o tenha: tire fotocópias, guarde, esconda, não diga a ninguém. Big Brother está atento e vigilante.
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