quinta-feira, outubro 09, 2003

Um espanto

Tenho seguido pela imprensa o noticiário sobre o decurso do julgamento do chamado “Caso Moderna”.
Em geral tem-me enfastiado e aborrecido: só me admira como conseguem os jornalistas vislumbrar uma notícia em realidades por demais conhecidas, e banalizadas pelo uso.
Mas confesso que encontrei uma que me deixou sem fala: foi efectuada perícia psiquiátrica (antes dizia-se exame às faculdades mentais) ao principal arguido, José António Braga Gonçalves, e para além do mais que não consta da imprensa os senhores peritos chegaram à conclusão que o dito cujo possui uma personalidade com fortes traços de narcisismo e megalomania ... e uma inteligência superior à média.
Não deveria admirar-me, porque outras coisas igualmente espantosas já aconteceram nessas perícias (estou a pensar nuns extensos pareceres assinados por um velho catedrático de psiquiatria em que o arguido, invariavelmente rico, surge sempre na conclusão como notoriamente inimputável para os factos de que é acusado, por razões indiscutivelmente doutas que só mesmo um especialista entende).
Mas no caso concreto eu conheço o bicho: e meus senhores, francamente, se em relação ao narcisismo e à megalomania nada tenho a dizer aos especialistas (mas também para ver isso não era preciso tirar um curso) quanto à inteligência superior à média... vou ali e já venho.
Ou os senhores peritos não conhecem o Zé Gonçalves ou a média anda muito baixa.