sábado, novembro 29, 2003

FADO CRAVO

Em fala amena e discreta
Pediram a um poeta
Para definir a saudade...
Estavam à beira do Tejo,
Reflectia-se no rio
A luz fraca da cidade.

Aqueles três companheiros
Ficaram silenciosos
À espera duma resposta.
Disse o poeta, escrevendo:
Saudade - é amar sofrendo
O que findou e se gosta.

A noite parte-se em duas;
Ouvem-se os ecos tranquilos
Das águas em movimento;
E até das ruas desertas
Chega o mistério do silêncio
Terrível desse momento.

Ninguém mais disse uma fala
O guitarrista do grupo
Deu a resposta a tocar.
Caminharam altas horas
A sós, para que ninguém visse,
Que é feio um homem chorar.


Azinhal Abelho