domingo, janeiro 25, 2004

O HOMO ECONOMICUS

Há pelo menos uma convicção que as correntes ideológicas que actualmente se debatem pelo poder, das mais liberais às mais socialistas, não hesitam em partilhar. Pode chamar-se-lhe o primado da função económica.
Esse pressuposto condiciona depois todas as concepções sobre o Homem e sobre o Estado que tais ideologias difundem.
O Homem fica a ser irremediavelmente concebido como um produtor e um consumidor. Escapa a essas visões do mundo tudo o que nele é irredutível a essa dimensão – que é afinal aquilo que nele é específico, próprio, singular.
E quanto ao Estado, este é sempre visto à luz de fins, económicos, que nunca podem ser fins últimos, fins em si.
Aquilo que deveria ser apenas meio, instrumento, sai absolutizado com esquecimento de tudo o mais.
Nada há nessas ideias que transcenda o estômago e a mercearia.