sexta-feira, fevereiro 27, 2004

Livros e televisões

Em “Fahrenheit 451”, hoje um clássico da literatura fantástico-científica, a sociedade descrita por Ray Bradbury, como acontece em outras utopias futuristas, não segue o padrão dos regimes concentracionários até então conhecidos.
Ao contrário, é uma sociedade baseada no consumismo desenfreado, na criação e manutenção de um falso bem estar, na estupidificação e alienação dos indivíduos, como meios de garantir o controle total por parte do sistema. A sociedade em que os escravos são levados a amar as próprias cadeias.
Curiosamente, a televisão é omnipresente, o instrumento fundamental para assegurar a conformidade e uniformidade das mentes e dos comportamentos.
Um gravíssimo delito que as forças da ordem se dedicam a combater é ... possuir livros. A essa tarefa se entregava também o herói do romance, Guy Montag, até que desperta e resolve afrontar o Destino.
Um pormenor notável, que me fez recordar agora a obra, é que esta antevisão negativa da sociedade futura foi escrita em 1953.
Como terá Radbury imaginado o papel que a televisão viria a assumir numa tal sociedade?