Afinal Le Pen tinha razão!
"Na história da V República Chirac ficará por certo como um dos presidentes mais desastrados e mais prejudiciais, não só para os interesses da França como para os interesses da construção europeia. A sua longa carreira política mostra que é um homem de imensa habilidade e nenhuns princípios. Pior: que encarna alguns dos piores hábitos do nepotismo à francesa, para não falar da mais crua corrupção. Olhando para o país e para o Mundo do alto do Palácio do Eliseu, como um "roi soleil» retardado e, sobretudo, enganado no tempo e no lugar, Chirac tem sido um Presidente errático nas políticas, incoerente no discurso, capaz da mais baixa política ou da arrogância mais brutal."
Esta descrição, que é sem tirar nem pôr aquilo que repetidamente tem sido dito e proclamado vezes sem conta por Jean Marie Le Pen, não foi desta vez feita por ele: quem a assina é o director do "Público", José Manuel Fernandes.
O artigo divertiu-me por vários motivos: desde logo porque o retrato, no que diz respeito a corrupção, nepotismo, habilidades, carreirismo, baixa política e métodos duvidosos, cai muito bem a Chirac mas também calha como uma luva a Mitterrand, o artista que em tempos até teve a arte suprema de encomendar um atentado contra a sua pessoa, e cuja camarilha ainda agora todos os dias surge envolvida em mais um escândalo; ou mesmo a Giscard, o presidente dos diamantes africanos. Não é portanto nada de novo naquela cadeira...
Mas o gozo maior é realmente recordar a campanha das presidenciais: toda a classe política francesa, e concretamente toda a esquerda, andou pelas ruas a berrar que antes queria um ladrão que um facho... "plutot un escroc qu'un facho..."
Era realmente esse o slogan! E assim foi: conseguiram que o eleitorado votasse em oitenta por cento no ladrão que lhe indicaram. O José Manuel Fernandes descobriu agora quem o homem é.
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