quinta-feira, março 25, 2004

Do poeta João Maia

Em atenção àquele rapaz do "Nova Frente", que me enche de amabilidades, complemento aqui um recente postal dele a evocar a figura de João Maia com um poema do referido autor, datado já de 1977... é uma curiosidade e uma surpresa para muitos, mesmo dos que conheciam a actividade intelectual do Padre Maia, sobretudo na "Brotéria", e associam sempre o seu nome à imagem do crítico e comentador literário, que ele também foi. E façam favor de não sair daí, que ainda vou postar outra prenda dedicado ao mesmo rapaz, que é uma jóia de moço, não desfazendo em Vocelências.

Triste ma non tropo

O dolorido pulsar do transitório
sobre o meu prostrado anelo
a noite fresca
a manhã como espuma
e a tarde consumada

Recolhe-se ao interior do fruto
difícil de roer e de provar
o sabor do eterno
e há quem entristeça a senti-lo
por marginar quem o sente

Dividido e queixoso
tiro à fruta do Dia (se possível)
este travo amargoso quase imperceptível...


JOÃO MAIA