Edital do Poeta às portas da morte (a afixar em voz alta)
É preciso que se saiba por que morro
É preciso que se saiba quem me mata
É preciso que se saiba que, no forro
Desta angústia, é da Pátria tão-somente que se trata.
Se se trata de pedir-lhe algum socorro,
O seu socorro vem a estalos de chibata...
E não ata nem desata o nó-cego deste fogo,
Que tão à queima-roupa me arrebata,
A não ser com a forca a que recorro
- E que é barata...
(É preciso que se saiba por que morro,
Enforcado no nó d'uma gravata!)
Presídio deserto ou morro,
Baldio ou bairro-da-lata:
Não importa, lá ao certo, saber onde...
Andar à cata de data...
É preciso que se saiba por que morro,
No meio deste monte de sucata!...
É preciso que se saiba por que morro
- E que és Tu, Pátria ingrata, quem me mata!
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home