Mais reflexões sobre o Iraque
Faz parte do sistema de crenças das ideologias dominantes, as quais, à imagem de Obélix com a poção mágica, foram mergulhadas quando nasceram no caldeirão do optimismo, a fé ingénua em que tudo tem uma solução.
Todavia, na realidade e na vida, acontece frequentemente que há problemas sem solução. Pelo menos uma solução airosa, que é do que estamos a falar.
Ocorreu-me este pensamento a propósito da situação no Iraque, muito em foco agora pela passagem do primeiro aniversário da invasão.
A mim, por mais que pense no imbroglio, parece-me claro o prognóstico para os tempos mais próximos. A situação vai piorar.
Se as forças de ocupação permanecerem no terreno, ainda que reforçadas, e com cada vez maior dispêndio de recursos humanos e materiais, parece-me claro: a situação irá piorar.
Se as tropas ocupantes retirarem agora, também não tenho dúvidas: a situação irá de imediato piorar.
É assim. Exactamente como já se sabia antes da guerra.
Nisto redundou a política de Bush: meteu os Estados Unidos num buraco onde nem é possível continuar, senão com pesadíssimos custos na frente interna e externa, nem está à vista o momento em que seja possível retirar, sem que isso signifique um desastre.
Daqui vai resultar no curto prazo um aumento de pressões de toda a ordem para que outros acedam a envolver-se no terreno, de modo a partilhar o mal pelas aldeias, pelo maior número possível de aldeias.
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