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Continuando na senda poética, tenho aqui à mão um poema de Daniel Filipe, poeta de que poucos estarão lembrados. Sobre o drama humano da emigração, que é de todos os tempos e umas vezes mais outras menos nos pode tocar a todos. Hei-lo.
Romance de Tomasinho Cara-Feia
Farto de sol e de areia,
que é o mais que a terra dá,
Tomasinho Cara-Feia
vai prà pesca da baleia.
Quem sabe se tornará?
Torne ou não torne, que tem?
Vai cumprir o seu destino.
Só nha Fortunata, a mãe,
que é velha e não tem ninguém,
chora pelo seu menino.
Torne ou não torne, que importa?
Vai ser igual ao avô.
Não volta a bater-me à porta;
deixou para sempre a horta,
que a longa seca matou.
Tomasinho Cara-Feia,
(outro nome quem lho dá?)
farto de sol e de areia,
foi prà pesca da baleia.
- E nunca mais voltará.
Daniel Filipe
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