domingo, março 21, 2004

Pelo menos 200.000 portugueses passam fome

Das notícias: “Há pelo menos 200 mil pessoas a passar fome em Portugal. O número, coincidem investigadores e pessoas que trabalham no terreno, poderá ser muito superior e chegar a um milhão, mas, à falta de estatísticas, cruzam-se dados para poder tirar conclusões sobre a realidade.
A cifra de 200 mil pessoas com fome é avançada por Alfredo Bruto da Costa, presidente do Conselho Económico e Social (CES) e co-autor, com a economista Manuela Silva, do primeiro estudo sobre a pobreza em Portugal, publicado em 1986 (ed. Cáritas Portuguesa).
Nestas contas entram realidades de pessoas apoiadas por instituições como os bancos alimentares, a Misericórdia de Lisboa, os valores das pensões de reforma ou o número de sem-abrigo, entre outros.
Anos depois de uma investigação sobre as causas da pobreza em Portugal, produzida no âmbito da sua tese de doutoramento, Bruto da Costa mantém: "Em dois milhões de pobres em Portugal (valor que corresponde também ao estimado pelo Eurostat), há 200 mil pessoas que têm fome. Os números da pobreza, aliás, têm-se mantido praticamente constantes desde a primeira investigação sobre o tema."

Em breve resumo: de acordo com os estudos citados pelos jornais, há pelo menos duzentos mil portugueses que passam fome; e somando a esses os que pelos seus rendimentos estão em constante risco de cair nessa situação conclui-se que entre a fome e a pobreza extrema situam-se cerca de dois milhões, ou seja uns vinte por cento - um quinto da nossa população.
Como consolo, e para além da proliferação dos telemóveis que já mencionei, há também a multiplicação dos estádios: haverá outro país com mais estádios de futebol ultramodernos? A lógica da governação parece obedecer ao famoso princípio “pão e circo”, mas com prioridade para o circo: como não há dinheiro para tudo poupa-se no pão para que não falte o circo.