Viver pelo espírito
Visto o êxito do anterior pensamento de Fernando Pessoa, esse desconhecido (Pessoa atingiu aquele patamar de consagração para além do qual os escritores deixam de ser lidos, como Camões), repito a graça reproduzindo aqui mais um pequeno excerto das suas reflexões, um trecho que em tempos já foi uma citação vulgar e repetida - mas creio que já não é.
"Por vitalidade de urna nação não se pode entender nem a sua força militar, nem a sua prosperidade comercial, coisas secundárias e por assim dizer fisícas nas nações; tem de se entender a sua exuberância de alma, isto é, a sua capacidade de criar, não já simples ciência, o que é restrito e mecânico, mas novos moldes, novas ideias gerais, para o movimento civilizacional a que pertence. É por isso que ninguém compara a grandeza ruidosa de Roma à super-grandeza da Grécia. A Grécia criou uma civilização, que Roma simplesmente espalhou, distribuiu. Temos ruínas romanas e ideias gregas. Roma é, salvo o que sobremorre nas fórmulas invitais dos códigos, uma memória de uma glória; a Grécia sobrevive-se nos nossos ideais e nos nossos sentimentos."
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