ALELUIA!
É um túmulo, sim: porém, vazio!
Enterraram-lhe um corpo mutilado
E que sangrava do direito lado
Como um espesso rio.
Com piedade e revolta
O trouxeram ali, num lençol mortuário,
Arrancado à crueza do calvário,
À cruz, à populaça, à lança, à escolta.
Dois mil anos, ou cinco, ou só três dias
Permaneceu oculto.
Lá fora, à solta, o insulto!
(Pátria, ou Deus, de que fim Te principias?)
Agora, a tampa está quebrada
E há um frémito de luz em derredor,
Apagando o pavor
Mostrando a estrada.
Essa, onde há-de surgir quem nos resgate:
Corpo de Deus, ou Pátria, em ascensão,
Para termos a paz por coração
E a razão por combate.
(No íntimo da esperança
Cavaram uma cova.
Mas da morte é que a vida se renova
E avança!)
António Manuel Couto Viana
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