Falta só um mês!
Pois é, falta apenas um mês para a realização das eleições europeias, no próximo dia de Santo António, e tudo está como se nada se passasse. O país ou nem se dá conta desse acontecimento ou faz questão de o ignorar e votar ao desprezo.
A indiferença parece geral, a prenunciar efectiva vitória da abstenção, como as sondagens têm afirmado.
No meu percurso habitual, casa-trabalho e volta, ainda só vi, como sinais visíveis de que na realidade estão marcadas eleições, uns grandes outdoors do PS que começaram já há algum tempo a aparecer nos locais estratégicos, umas rotundas à volta da cidade, a falar de cartões amarelos e vermelhos, e mais recentemente outros outdoors das mesmas dimensões, estes da CDU, com a cara duma doméstica do Porto, e outros do BE, uns deles em clara exploração de uma imagem infantil e outros abusando da fotografia do grupo de chá dos Açores.
É mesmo sinal dos tempos. Quando eu era novo qualquer destes agrupamentos teria vergonha de se entregar nas mãos das agências publicitárias e dos profissionais do marketing eleitoral. Diriam orgulhosamente que não se vendem ideias como se fossem sabonetes. O recurso aos outdoors seria inevitavelmente considerado como um indício de falta de militantes e excesso de dinheiro.
Agora esta esquerda, desde as franjas gauche-caviar do Beato Louçã até aos jarrões de bota-de-elástico do Largo do Rato, passando pelos resquícios do sovietismo nostálgico, está inteiramente convertida ao conforto das práticas capitalistas, e aos mecanismos do mercado. O Jacques Séguéla é que é bom, é um modelo a vender automóveis, presidentes da república ou primeiros-ministros.
Desde que as massas comprem, que lhes importa estar a ser vendidos como um sabonete ou um penso higiénico!
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