Cultura e acção política
O que os homens pensam determina o que os homens fazem. Por isso, porque nos homens, como nos povos, o pensamento precede a acção, a acção consciente tem que ser direccionada ao conjunto de representações e referências que em cada um condiciona as suas escolhas práticas.
Deste fenómenos, amplamente estudado por sociólogos, politólogos e historiadores, resultou que nunca nenhuma mutação política ocorreu sem que fosse precedida de uma transformação cultural que a preparou. Antes de acontecer nas ruas cada revolução aconteceu nos espíritos.
Para saber isto não é preciso ser íntimo de Gramsci, nem citar de cor Alain de Benoist; todos os estudiosos da Revolução Francesa já concluíram o mesmo.
São certezas de há duzentos anos. Burke ou Tocqueville já constataram que antes da manifestação política de uma ideia já ela se tinha instalado e era dado assente e pacífico no mundo da cultura, da arte, das concepções gerais sobre a sociedade, o homem e a vida.
A visão épica e espontaneísta excita mais as imaginações; mas tem a desvantagem de ser falsa. Ninguém consegue mudar um mundo sem antes mudar a visão e as valorações que os homens têm dele. Primeiro estão as mentalidades, as ideias, a cultura, o espírito. Quando uma ideia for consensual numa sociedade esta com naturalidade procurará a forma de moldar-se a essa ideia. Na situação contrária tratará sempre de a rejeitar e expelir como um corpo estranho.
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