A Europa dos povos?
Se repararmos apenas na realidade eleitoral, constatamos que mais de 55% dos europeus absteve-se de votar nestas eleições europeias.
E se olharmos para além do eleitoralismo, reparamos que nenhuma decisão importante para o futuro da Europa passa por esse Parlamento eleito apenas por menos de 45% dos eleitores.
O Parlamento Europeu permanece em grande medida uma peça experimental do sistema, sendo a tomada de decisões noutra sede, que nem formalmente passa pelo controlo popular.
E mais curiosamente ainda, aproximando-se um momento de grandes decisões (as negociações sobre a Constituição europeia, a hipotética adesão da Turquia), constata-se que os três principais protagonistas de todo este processo serão três representantes de governos severamente batidos nestas eleições europeias.
O partido de Tony Blair alcançou 22%, ou seja 15 pontos a menos que os conservadores, o partido de Jacques Chirac conseguiu 17%, ou seja 11 pontos menos que os socialistas, o partido de Gerhard Schroeder logrou 21%, com 15 pontos a menos que a direita alemã.
Serão estes três governos vencidos que irão conduzir, nomeadamente, o acerto final de um texto do qual os povos não tiveram praticamente qualquer conhecimento, desde que os sábios do directório o encomendaram ao sr. Giscard d'Estaing até ao presente, e cujo debate e discussão foi cuidadosamente evitado ao longo de todo este processo, eleitoral e extra-eleitoral.
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