quinta-feira, junho 10, 2004

Feira do Livro de Lisboa

Hoje, dia em que passam 60 anos sobre a cerimónia de inauguração do Estádio Nacional, belamente retratada num célebre documentário de António Lopes Ribeiro, encerra-se a Feira do Livro de Lisboa.
Esta fez já 74 anos, é mais velhinha do que o Estádio Nacional. Começou os seus dias em Maio de 1930, no Rossio, com 17 barracas montadas ao redor do lago, entre a estátua central e o Teatro D. Maria II. Durou nessa primeira edição doze dias, e constituiu um êxito de público.
Teve inauguração solene pelo Presidente Carmona e outras individualidades de então, e os seus obreiros foram João de Araújo Moraes, Gaspar de Almeida, José Francisco de Oliveira e António Maria Pereira, da então chamada Associação de Classe dos Editores e Livreiros de Portugal.
De 1930 a 1941 manteve-se no Rossio, e em 1942 e 1943 subiu para a Avenida (na zona frente ao desaparecido Café Palladium). Em 1944 e 1945 voltou ao Rossio, e em 1946 regressou à Avenida, mas para o outro lado, no passeio fronteiro ao Condes. Aí ficou até que voltou para o Rossio em 1950, onde esteve até 1954. Em 1955 voltou de novo para a Avenida, em zona mais acima. Pela Avenida da Liberdade se manteve por muitos anos, a maior parte da sua vida, oscilando no espaço, no passeio entre a Rua das Pretas e a Barata Salgueiro ou entre o Tivoli e a Alexandre Herculano, ao sabor das obras do metro, até ganhar o seu lugar no Parque Eduardo VII, não me recordo bem em que ano (lembro-me com segurança de a ter visitado em 1978 ainda na Avenida, depois disso não tenho a certeza se já estava no Parque e também não tenho a informação à mão, nem me apetece ir procurá-la). O certo é que mudou para o Parque, até ao presente.
Os retardatários vão por mim dar-lhe um abraço, e passem então pelos já famosos stands da Dislivro onde se encontram os valiosos alfarrábios inencontráveis no circuito comercial; e já agora pela sempre esquecida Imprensa Nacional, cuja actividade editorial tem trazido a público autores e obras que sem esse impulso não veriam a luz (desde filosofia de António José de Brito até à poesia de Couto Viana, Mário Beirão, Tomás de Figueiredo, e muito mais que merece averiguação no local).