A raiz da coisa
Comentando hoje o fenómeno bloguístico o jornalista Walter Ventura escreve a dado passo que "na realidade, grande parte dos que utilizam os blogs são os párias a quem a comunicação social está para sempre vedada". Pois. Acertou com o dedo numa das feridas. A expressão quantitativa da blogosfera numa dada sociedade parece estar em proporção directa com o grau de exclusão opinativa aí implantado. Por outras palavras: quanto mais estreito o leque da opinião e informação permitidos maior a adesão e entusiasmo com a blogação.
Compreende-se assim que, à escala universal, já tenham sido publicados estudos que revelam estarem o Irão e Portugal, por exemplo, entre os países em que a blogação rapidamente atingiu mais larga e expressiva dimensão.
Não há que estranhar, quando se observa uma comunicação social instalada que em plena campanha eleitoral, em que pode estar em causa o destino da comunidade, alimenta um tipo de cobertura que se entretém com polémicas sobre as carecas, os óculos, as orelhas, o golfe, e outras prendas dos candidatos, entre outros temas da maior transcendência para a compreensão do que está em jogo (não digo do que está em disputa, porque entre eles o que está em disputa é apenas a ocupação dos lugares - em tudo o resto não divergem).
Deste modo, confessemos, para muitos a blogação não é uma escolha - é um recurso. A única voz possível para os que estão condenados a não ter nenhuma nos aparelhos controladores do condicionamento mental imposto.
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