Sugestão
No rescaldo pós-eleições europeias abundam agora os lamentos e as análises, umas culpabilizantes e outras desculpabilizantes, sobre os resultados.
Regra geral os que não gostaram do número de votos que tiveram encerram-se com os amigos e vá de discutir à exaustão o que é que correu mal. Porque é que não tivémos mais votos? Porque é que eles não votaram em nós?
Este exercício pode traduzir-se em perigoso enclausuramento, e conduzir ao erro frequente de confundir com a verdade estatística a orientação dominante no grupo fechado onde se discute - e que pode bem estar na origem do resultado indesejado.
Eu aconselho o método contrário. Podemos chamar-lhe o método do inquérito. É preciso conhecer os motivos da adesão e sobretudo da rejeição por parte dos outros. Quem desejar realmente saber porque foi que os outros não votaram na sua opção o melhor que tem a fazer é perguntar-lhes. Ou seja: organize um caderninho, e em vez de falar com os camaradas procure quem lhe garanta que não votou em tal opção. Depois procure saber a causa dessa recusa, e anote. Vá anotando sempre os motivos de quem conhecendo afastou essa hipótese, e recolha o maior número de respostas possíveis. Também é útil saber quantas pessoas nem tiveram conhecimento dessa alternativa, e os porquês. Quais as formas adequadas para se chegar a essas pessoas a que nem sequer se chegou. Mas eu queria acima de tudo salientar a utilidade do estudo das razões que determinaram aqueles que conheciam a escolha em causa e a puseram de lado. Quanto maior for a amostragem mais representativa será. O essencial do conselho está aqui: vão perguntar aos outros, não aos vossos. De outro modo nunca saberão porque não tiveram mais votos nem a forma de alguma vez vir a ter mais.
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