Évora e a feira de São João
Em Évora abriu mais uma edição da secular feira de São João. A constatação a fazer é inevitável: confirma-se e acentua-se ano a a ano a trajectória de decadência do certame.
Por mais que se discuta, por mais controvérsias e projectos, que conheço desde há um quarto de século, a verdade é essa. Todos os anos o acontecimento perde importância e dimensão, banaliza-se, entra no plano de qualquer vulgar mercado mensal ou semanal daqueles que pululam em qualquer terreola do país.
Verdadeira expressão económica ou dimensão de grande acontecimento social e cultural, como já teve, parecem de todo afastadas. E de tudo o que já foi falado, e foi muito, nada de concreto se fez.
A bem dizer o que vemos agora é uma espécie de mercado igual aos que todos os meses enchem o Rossio acrescentado de uns eventos para dar alguma projecção externa, como os concertos de Luís Represas ou de outro qualquer artista contratado, a que se somam ainda um circo e uns carrousséis normalmente ausentes desses mercados mensais, para lhe dar uma atmosfera lúdica que nos mercados se encontra secundarizada pelos aspectos utilitaristas. No conjunto, é uma amostra miserável do que já foi uma grande feira regional.
Uma qualquer semana da Queima das Fitas tem actualmente para Évora maior relevo, arrasta mais gente de fora e entusiasmo e movimento local, que a pobre feira que se arrasta todos os Verões.
O que há a fazer? Por favor, isso está mais que falado e estudado e discutido e planeado e debatido, até à exaustão. Só falta fazer alguma coisa.
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