quarta-feira, julho 14, 2004

EXORTAÇÃO

Tu
praí sentado,
curvado,
que esperas,
fumando um cigarro?
Quimeras...
Um sonho falhado...
Café, o jornal,
mentiras,
intrigas,
só fumo, só fumo
no ar...
e a Vida,
ai, a Vida com tanto pra te dar!

Tu,
praí sentado,
curvado,
em quatro muros fechado:
Não ouves, no vento,
rumores de bandeiras?
Não sentes, ao Sol,
uma vontade forte de cantar?
- Mas tu não sabes cantar
e nem conheces o Sol!
Vives uma noite escura,
uma noite sem estrelas...
Não vês no mar
o Longe
e a Aventura
no pano branco das velas?
No pomar,
tanto fruto maduro por colher
e tanto malmequer
pelo caminho!
E, entre a folhagem,
mistérios subtis: “um ninho”!
Mas tu
praí sentado,
curvado,
em quatro muros fechado:
Não ouves...
Não sentes...
Não vês...
Coitado!
E a vida,
ai, a Vida com tanto pra te dar!

Vá,
deixa as figuras mortas
de museu,
e abre as portas
para entrar
o Ar,
o Mar,
o Céu!
Amigo:
Vem daí comigo.
Que esperas agora?
Que eu finde o poema?
O poema é lá fora!