quinta-feira, julho 15, 2004

Os mistérios da casa rosada

Refiro-me ao casarão do Largo do Rato que foi do Sr. Marquês da Praia e há um quarto de século alberga o Partido Socialista. Estou inclinado a acreditar que há ali assombração. Depois de tudo o que aconteceu ao Sr. Ferro Rodrigues nestes últimos dois anos parece-me que é inevitável encarar essa possibilidade. Pensem bem: como ele era feliz, com o Gastão, e restante família, fazendo de burguês tranquilo no idílio sintrense! Passou a chefe da agremiação e não houve desgraça que não lhe chegasse. A culminar nesta, da morte política de Sampaio, no dizer de alguns, ou no assassínio político de Ferro, no dizer de outros (em todo o caso morte de homem).
Agora decorre o concurso para o lugar vago. Com peripécias misteriosas. O Dom Sebastião lá da chafarica, um dom sebastião pequenino, sorridente e galhofeiro, como seria de esperar nos tempos presentes, veio cortar cerce as expectativas da claque - antes que a coisa crescesse. O homem sabe mais do que nós, e tem o olho noutro lado - digo-vos eu.
Fico intrigado porque não sei o que é que ele sabe e nós não sabemos - aquilo é casa de mistérios. Já quando do auto-afastamento do Costa, que de repente saltou da boca de cena e passou só a dar os mínimos, me tinha assaltado a mesma sensação. Há muito mais do que eu sei... E o Sampaio também sabe, pelos vistos.
Paciência: tenho que me contentar com o que está à vista, mesmo correndo o risco de estar a olhar para o que menos importa.
Temos então como candidato o Sr. Sócrates, excelente exemplo do que é a classe política no sentido mais rigoroso da expressão: um profissional, que nunca teve na vida outro emprego ou outra experiência que não fosse a política a tempo inteiro, desde a mais tenra adolescência.
E antes dele já estavam na competição outros ilustres conhecidos, João Soares e José Lamego, cada um representando o respectivo clan - pelo que é razoável supôr que estão a marcar presença para negociar.
Nada vou dizer sobre a categoria e os méritos das pessoas em causa - não quero rivalizar com o comedimento diplomático da Dra. Ana Gomes.
Mas sempre digo que conheço suficientemente o Vitorino para vos garantir que ele estava a gozar quando exprimia o seu sentimento de congratulação pela floração de talentos que se aprestam a tomar as rédeas do partido da casa cor-de-rosa.