Paradoxos
Nem sempre os caminhos mais curtos conduzem aos sítios desejados.
Jorge Sampaio está neste momento a balançar num dilema terrível. Pode escolher a atitude passiva, comer a sopinha como lhe foi servida, e empossar Santana. Ou fazer birra e convocar novas eleições.
No primeiro caso fará uma triste figura e será vituperado por todos os amigos - cuja sofreguidão é patente.
Mas provavelmente ao fim de dois anos à frente do Governo, e apesar de, ou por causa de, tudo o que será feito para garantir a vitória eleitoral, creio que Santana entrará nas eleições em condições difíceis. Terá provocado o cansaço do público, e um sentimento de saturação que reverterá contra ele.
No segundo caso Sampaio terá os aplausos delirantes de toda a esquerda e extrema-esquerda - que concluirá alegremente que afinal o camarada não é nenhuma rainha de Inglaterra.
Mas dará a Santana uns meses para se preparar para as eleições, e campanhas é aquilo que ele melhor pode fazer. Santana com as mãos livres, em campanha aberta, com o PSD unido atrás dele (o que neste momento não tem), e com o estatuto de vítima que não deixará de reivindicar - pode bem vir a conquistar a vitória que lhe conferirá a legitimidade de que se fala.
Ainda por cima o povo português, que está bastante farto de campanhas e eleições, costuma pregar partidas a quem as provoca. Já aconteceu no passado, precisamente nas situações em que foram antecipadas eleições para uma finalidade anunciada.
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