Nota sobre as presidenciais
Faz parte das regras do comentarismo instalado nunca confessar perplexidade ou ignorância. Um bom comentador sabe sempre tudo sobre tudo. Daí nasce uma espécie de incontinência opinativa, que não poupa nada nem ninguém.
Eu, por mim, tenho as maiores dificuldades em adaptar-me a tal imperativo. Por vezes não sei o que dizer, e não digo nada, mesmo que muito se fale sobre certo assunto que me causa bloqueio insuperável.
É o caso das próximas presidenciais americanas. Eu não ignoro que os EUA são o estado mais poderoso do mundo. Bem sei que o jogo político interno deles terá reflexos do maior relevo a nível global.
Mas a verdade é que não sei o que dizer sobre a corrida Bush-Kerry, nem sei sequer ao de leve o que está em jogo nessa escolha, e o que nos poderá trazer a nós.
E também não percebo por que razão um tão grande povo só tem para oferecer-se umas tão fracas prendas.
De maneiras que nada direi sobre a disputa. Não conheço o Bush, não conheço o Kerry, e nunca vi mais gorda a intragável senhora Mayonnaise Ketchup, portuguesa de terceira que um dia subiu pela cama do senhor Heinz.
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