Chegou o Inverno?
Nestes dias parece ter desabado sobre nós o rigor da invernia. Chuva e vento instalaram-se sem aviso prévio, obrigando-nos a recolher e a procurar aconchego.
Confesso que pouco senti, atordoado que andava já. Mas também deve pesar nesta fraqueza que me invade e me mantém para aqui não digo inerte e indiferente, mas quase. O certo é que me esforcei por afectar normalidade, mas não sai. Não tenho conseguido escrever como seria suposto, nem prestar atenção aos temas que vão invadindo o quotidiano dos meus concidadãos.
Hoje observei, pela hora de jantar, a tempestade a avolumar-se para os lados governamentais, pela mão de Marcelo. Em confuso desfile as televisões trouxeram-me o Marcelo, o Pais do Amaral, o Cavaco, o Pacheco Pereira, os chefes dos partidos, os comentadores todos. Tudo demasiado confuso para que não se entenda que há mais munições em reserva, que os contendores guardam para melhor oportunidade.
Surpreende-me e intriga-me esta guerra a que não vislumbro com nitidez os contornos, nem o alcance. Ao mesmo tempo também se desencadeou o vendaval para os lados do Diário de Notícias.
Será isto uma sucessão de episódios relacionados com a crise da imprensa, com todas as consequências empresariais que se adivinham? Será antes uma guerrilha pelo controle da informação entre os diversos grupos que hoje disputam o poder político-económico? Será simplesmente o eclodir de antigos ódios e rivalidades entre os barões do regime, há muito recalcados e que agora explodem em sangrentos ajustes de contas?
Não sei, mas tudo indica que o turbilhão ainda está para continuar.
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