domingo, outubro 24, 2004

Mal por mal...

Não quero deixar de comentar, embora com atraso, os resultados das eleições regionais nos Açores e na Madeira. Não quero, porque os ditos parecem-me confirmar análises que já aqui tinha deixado registadas, e um homem sente sempre um certo conforto ao ver a realidade obedecer-lhe. Vaidade pura, feio pecado, mas somos assim. Ainda que o rumo das coisas nos desagrade, podemos dizer "- Vêem? Eu já tinha dito!!!"... e fica um calorzinho de compensação.
O que eu pretendia sublinhar, e que me parece já ter dito antes, é que o pessoal anda com tamanha fartura deles que ou não vai às urnas ou se vai é para preencher do modo mais comodista possível o papelinho da praxe. Por inércia, a favor do que está. Não porque se acredite neles, ou deles se espere alguma coisa, mas porque os outros são tão fraquinhos que nem uma ilusão conseguem suscitar...
E por este andar vai continuar a acontecer isto que aconteceu na Madeira e nos Açores. Um dia iremos ver as eleições legislativas: quem ainda se interessa vai passar o tempo que falta a criticar o desastre da gestão Santana Lopes - e chegado o momento o homem ganha. E em Évora, atenção meus amigos, está na cara: bem podemos passar o tempo todo a desancar o José Ernesto. Na hora exacta o malandro do clínico sai reforçado dos sufrágios.
E, sejamos sérios, não admira. Em quem havia o povinho de votar?
Em suma: estamos numa daquelas fases em que o desencanto geral se traduz no velho desabafo: - Mal por mal, antes Pombal. E assim seguirá, até ao momento incerto em que o desencanto possa transformar-se em revolta.