O triunfo dos laranjas
O PSD já revelou no passado uma certa tendência para concentrar em si a representação dos múltiplos grupos de interesses e influência que se disputam o poder em Portugal.
E a sociedade portuguesa já deu sinais ao longo da história de favorecer o estabelecimento de um partido dominante, para não dizer único, como se o seu estado natural implicasse a criação de uma "união nacional".
Estas são duas observações que gostaria de endereçar aos que por aí andam tão excitados com as peripécias de ópera bufa em que se digladiam os notáveis do partido no poder.
Na verdade, se vier a acentuar-se e a prolongar-se este fenómeno de o PSD conter em si o governo e a oposição, absorver para o seu interior toda a luta política, não custa prever o resultado.
Se tudo o que politicamente conta se centrar no PSD, o que virá não será o desgaste e o afundamento que os seus adversários pressagiam e desejam como consequência das divisões.
Se todas as atenções se dirigirem para o PSD, se toda a vida política com expressão pública se contiver nas fronteiras do partido, quando chegar o momento das legislativas este ganhará as eleições - seja qual for a direcção que se apresente à sua frente.
Já agora, com o espectáculo em cena e os previsíveis desenvolvimentos futuros, as fases planeadas para lançamento e afirmação da estratégia Sócrates podem estar seriamente comprometidas, condenados que parecem estar à inevitável secundarização mediática.
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