FADO PESSOA
Anda, Pessoa:
anda-te deitar...
A noite e Lisboa
já deram, por hoje,
o que tinham a dar.
Olha a Madragoa,
quase a madrugar...!
Anda, Pessoa:
anda-te deitar...
Caminharmos à toa...,
andar por andar,
no teu passo, Pessoa,
assim..., devagar...
bem vês que destoa,
faz mal, se calhar...
A idade não perdoa,
e começa a esfriar...
Onde, uma canoa,
para divagar?...
Anda, Pessoa:
anda-te deitar...
Também não é boa
a ideia vulgar
de jogar car`ou c`roa
num retiro ou num bar.
O fado atordoa,
dá-nos que pensar...
E é tarde, Pessoa,
para passear,
é tarde: Lisboa
`stá mesmo a acordar!
A vida ressoa
e já agora povoa
o cais e a gare.
Olha a Madragoa,
quase a madrugar!...
Anda, Pessoa:
anda-te deitar...
Rodrigo Emílio
(In Viola Delta, vol., XXVIII,
de Janeiro de 2000, pág. 41.)
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