terça-feira, novembro 30, 2004

“O anti-catolicismo substituiu o anti-semitismo"

Numa entrevista concedida ao diário italiano "Il Messagero", o escritor Vittorio Messori denunciou que, na Europa, o anti-catolicismo substituíu o anti-semitismo, mas expressou a sua confiança de que esta "fúria anti-católica" permita aos crentes redescobrirem a sua identidade.
Devido ao caso de Rocco Buttiglione, o político italiano recusado pelo Parlamento Europeu por causa das suas convicções católicas, Messori assinalou que alguém disse que os católicos – de par com os fumadores e os caçadores – são uma das "três categorias não protegidas pelo politicamente correcto e daquelas de quem, portanto, se pode falar mal livremente".
"Graças a Deus, o anti-semitismo acabou. Mas foi substituído, na cultura ocidental, pelo anti-catolicismo", explicou o escritor na entrevista também publicada pela revista espanhola "La Razón".
Segundo Messori, Buttiglione "passou a ser digno da incorrecção política, a dobrar. Dantes, os objectos de sarcasmo eram os negros, as mulheres, os judeus e os homossexuais. Agora, felizmente, já não se podem atacar estas categorias. Mas não percebo porque se têm de injuriar outras".
Agora, explicou, "apesar de os muçulmanos degolarem pessoas, ninguém ousa falar mal do islamismo". Em contrapartida, os ataques contra os católicos gozam de aplauso público, incluindo em "equivocadíssimos" filmes como "A Má Educação" ou "As Irmãs de Madalena".
Segundo Messori, estes "são a prova do que dizíamos antes: aos católicos pode-se, ou mesmo deve-se fazer dano. Os padres retratados por Almodovar são todos, sem excepção, pederastas. As "irmãs de Madalena" – e sabe-se lá quantas mais fora do filme e dentro de colégios e conventos – são doentes terminais. E assim por diante".
"O assunto Buttiglione insere-se, desgraçadamente, neste clima. Um clima em que ninguém roda um filme sobre um guru budista ou um imã muçulmano que abuse de menores", acrescentou.
Razões de esperança?
Neste contexto, Messori não só não lamenta, mas antes sustenta que nós, os crentes, "temos de estar contentes com esta fúria anti-católica" e considera "providenciais o anti-catolicismo da cultura ocidental e do Islão".
"O cristianismo, e o catolicismo em particular, precisa de um antagonista para redescobrir a sua própria identidade, a sua própria força", explicou o escritor.
Actualmente "os católicos correm o risco de converter-se em personagens banais de talk show, que debitam um bla-bla bondoso e estão dispostos a dialogar com todos, incluindo os que lhe querem cortar o pescoço. A esta espécie de pensamento débil contrapõem-se verdades fortes. E quando se dizem verdades fortes sobre os gays, ou sobre qualquer outro assunto, logo se organiza um escândalo. O que redunda em favor dos católicos".
"Quando a Igreja diz coisas neutras ou banais, do tipo pacifista, todos ajoelham. Mas quando João Paulo II, no seu múnus de Papa sai completamente do politicamente correcto, como foi o caso do documento do Cardeal de Ratzinger sobre as mulheres dentro da Igreja, então explode, mais ou menos disfarçado, o anticlericalismo de todos os azimutes", afirmou Vittorio Montessori a finalizar a entrevista.
(In NOVEDADES FLUVIUM)