Trapalhadas e santanices
Os últimos episódios passados com o grupo recreativo que se vestiu de governo de Portugal lembraram-me irresistivelmente as peripécias de uma certa associação de estudantes, vai para uns vinte e seis anos.
Entre avanços e recuos, dizer a uns uma coisa, a outros o contrário, e a todos não digas que eu disse, mais efeitos de retórica para a galeria e hesitações e inacção por outra, armou-se uma tal baralhada que a Associação de Estudantes da Faculdade de Direito de Lisboa acabou nas mãos da União dos Estudantes Comunistas, num tempo em que estes eram francamente minoritários naquela escola.
Pelo meio ficaram trapalhadas revisteiras, como votos organizados tão mal organizados que até incluíram quem sabidamente estava no hospital, e mais uns casos anedóticos de detecção rápida e inevitável.
Os patuscos e desastrados politiqueiros aprendizes, que até na batota se saíam mal, coincidem em boa parte com as cabeças visíveis da novela agora em cena.
A mim serviu-me de vacina: nunca mais acreditar em Santana Lopes seja o que for que ele diga. Ele fala sempre sinceramente, mas muda de sinceridade cada vez que fala.
Mesmo assim fiquei sem palavras perante o extraordinário comunicado do amigo Henrique Chaves. Eu se chegasse a tão drásticas conclusões sobre alguém em quem confiei (já aconteceu) calava-me acabrunhado e envergonhado. Como podia eu ter falhado tão radicalmente?
Pelos vistos Henrique Chaves não está afectado por nenhum sentimento de culpa. Sorte dele. Só o outro é que não presta.
Será que isto já bateu no fundo ou ainda estaremos a afundar?
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