sexta-feira, dezembro 31, 2004

As eleições e o Alentejo

Transcrevo das notícias de hoje:
"Em Beja, o PSD decidiu candidatar à frente da lista de deputados, a estreante Glória Marques da Costa, uma advogada de Lisboa, que se filiou no partido no congresso de Novembro.
Em Portalegre, avança o ministro da Agricultura, o açoriano Carlos Costa Neves, ex-líder do PSD-Açores e eurodeputado. A justificação é tratar-se de um "círculo essencialmente agrícola".
A ministra da Cultura, Maria João Bustorff, é a cabeça-de-lista por Évora - a justificação para a escolha é o facto de o Governo ter decidido deslocalizar para Évora a Secretaria de Estado dos Bens Culturais.
"
Está deste modo completo o elenco dos cabeças de lista do PSD pelos três círculos alentejanos nas próximas legislativas.
É demasiado esclarecedor para que sejam precisos comentários. O desprezo esmaga, e deixa-nos sem palavras.
O PS por seu lado já tinha anunciado os seus três primeiros candidatos nos mesmos distritos: Luís Pita Ameixa em Beja, José Carlos Zorrinho em Évora e Júlio Miranda Calha em Portalegre.
E o PCP já anunciou José Soeiro em Beja e Abílio Fernandes em Évora (não sei ainda quem será o cabeça de lista comunista em Portalegre, distrito onde aliás, dada a diminuição do número de deputados para dois, o PCP deixou de ter esperanças de eleger algum).
Tirando aquele pormenor algo humorístico das justificações (para Portalegre o açoriano Ministro das Pescas, porque o distrito é essencialmente piscatório, para Évora uma tia da Lapa, porque aqui existe uma Secretaria de Estado, para Beja uma advogada de Lisboa, porque sim) não se vislumbra nada de novo.
O PCP com o anúncio de Abílio Fernandes, respeitável septuagenário reformado, consolida a imagem transmitida pela escolha de José Soeiro: uma viagem no tempo, mas para trás - uma recriação voluntarista dos idos de 75.
E o PS avança com escolhas locais, mas diga-se já que apostando num equívoco. As escolhas apresentadas só são possiveis mediante um pacto de silêncio: os candidatos não podem dizer nada que clarifique o que pensam sobre o futuro quadro administrativo para o Alentejo. Acontece porém que dois deles já falaram, e muito, e os modelos defendidos são de todo antagónicos. Qual é o projecto do PS? O Alentejo dividido com que Luís Ameixa está publicamente comprometido ou o Alentejo único que Zorrinho sempre se comprometeu a defender?
Como é evidente, a experiência ensina, para estas legislativas a palavra de ordem será nada dizer que comprometa o partido, para o futuro, e faça surgir a polémica entre os candidatos, no presente.
Por outras palavras: - votai, votai, que depois logo se vê.
Meus queridos comprovincianos, não há volta a dar-lhe, nem ilusão possível: - estamos lixados!!(e fico-me pelo plebeu "lixados" para não dizer pior...)