Cada Natal recordo os meus Natais
Cada Natal recordo os meus Natais
Da infância, feitos de imaginação
E de tão pouco mais.
(Sei bem que me destrói a confissão)
Não tinham neve. Eram de chuva fria.
O Menino Jesus da loja dos brinquedos
Nunca podia dar-me o que eu pedia.
(Só tu me ajudas, Poesia,
A libertar segredos!)
E eu pedia a lapinha de Belém
Sem bonecos de barro coloridos:
Onde nascesse alguém
Real e com os braços estendidos.
Alguém que fosse Deus ou eu
Concluso, enfim.
E habituei-me à festa ser no Céu
E não em mim.
António Manuel Couto Viana
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