quarta-feira, dezembro 29, 2004

Soneto da visitação

Vinde, adorai! Criados e parentes,
Tenho o presépio em nossa casa armado,
Vinde adorar o meu Menino amado,
Honrá-lo com carinhos, com presentes!

Muito quietinho, nas roupinhas quentes,
O infante dorme, dorme aconchegado.
É lindo, pois não é? O meu morgado?
Que tu, Senhor, em graça mo aviventes!

E, de joelhos, com um ar de boda,
Adora e pasma-se a assistência toda,
Como diante de um festivo altar.

“Que perfeição! Que enlevo de criança!”
— E pedem num louvor que não descansa
Que Deus nos dê saúde p’ra o criar!


António Sardinha