terça-feira, janeiro 25, 2005

Direitistas

A época de campanha eleitoral é sempre um consolo para qualquer direitista empedernido.
Não é que leve a coisa muito a sério, que um direitista é por natureza muito resistente a convencimentos fáceis e a ilusões desejosas, mas é sempre agradável (do ponto de vista do tal direitista, claro está) observar o fenómeno de direitização generalizada que se apodera da vida política nestas temporadas.
Não há quem não queira fugir da sinistrose que em tempos normais fica bem e é de bom tom.
O fenómeno é intrigante, sem explicação racional mormente nestes tempos em que a aceditar nos estudos e sondagens a esmagadora maioria do eleitorado palpita e anseia por uma esquerdização dos rumos da governança.
Deve ser algum estranho gás, que se propaga no ar, e de súbito todos surgem a reclamar pergaminhos e bandeiras que pouco antes rejeitavam com horror.
E lá está: falando sábado, no Porto, o presidente do PND, Manuel Monteiro, considerou que o seu partido é "a verdadeira alternativa de ruptura à direita".
O uso do português não é brilhante ("alternativa à direita" pode ser naturalmente a esquerda) mas parece-me que ele quis dizer que o PND é "a verdadeira alternativa de ruptura", e que a mesma e o mesmo se localizam "à direita".
Ora nem mais. Ainda há pouco, há poucochinho, o Dr. Monteiro e restantes responsáveis do agrupamento ficavam de todo enxofrados se alguém lhes atribuísse esse posicionamento na geografia política.
Só pode ser o tal gás misterioso.