A realidade é teimosa
Creio que era o velho Maurras que escrevia "chassez le réel, il revient au galop". Não tenho a certeza mas também não tem importância.
O que é certo é que a realidade é teimosa, e não desaparece por milagres das urnas.
Nesta manhã de domingo as notícias que marcam a actualidade são o assassínio de mais dois polícias na Amadora, na mesma noite em que uma perseguição da GNR terminou na Ponte Vasco da Gama, em contramão, e por um triz não causou o mesmo resultado.
Na véspera, soube-se que mais um comerciante português foi assassinado na África do Sul, acontecimento que parece ter-se tornado tão rotineiro que já não causa emoções, nem notícias que excedam dez linhas e passem da secção das breves.
Enfim, só banalidades.
Quanto aos costumes políticos, é significativo ler um trecho de uma notícia divulgada pelas agências, aliás com naturalidade, como não podia deixar de ser.
Diz a notícia que o Partido Socialista apresentou a primeira candidatura às eleições autárquicas no distrito de Bragança, a qual marca o regresso do ex-ministro Armando Vara à actividade política, agora como cabeça-de-lista à assembleia municipal de Vinhais.
E o candidato do PS à câmara de Vinhais, Américo Pereira, falando a esse respeito, declarou contar "com o apoio de Vara para lhe abrir as portas dos Ministérios em Lisboa", pois, segundo diz, o ex-ministro "trata o primeiro-ministro por tu e toma café com os membros do governo".
Nada de novo, portanto. Parece-me até oportuno observar a quantidade de regressos que se têm feito anunciar, uns para breve e outros já consumados. Basta estar atento: ontem o "Expresso" divulgava uma galeria que nem num museu dos horrores.
Para os que tanto falavam em mudança, volto às palavras do início: a realidade é muito teimosa.
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