sábado, maio 07, 2005

Lisboa move-se

Goste-se ou não, suspeito que a candidatura de José Sá Fernandes à Câmara de Lisboa pode vir a ser um dos grandes acontecimentos das próximas eleições autárquicas. Veja-se a gente que se apresta a mobilizar-se em torno dessa candidatura, leia-se este texto de apoio que surripiei a José Adelino Maltez, e avaliem-se as potencialidades disto. Aqui fica a palavra escrita (com um toque indisfarçável de António Barreto...).

NÃO QUEREMOS
Não queremos mais ver a nossa cidade ser administrada por uma Câmara que se tornou numa permanente ameaça à identidade de LISBOA.
A verdade é que a LISBOA de hoje tem menos praças, menos jardins, menos quintais, menos mercados, menos lojas tradicionais, menos passeios, menos parques desportivos, piores transportes públicos, cada vez menos espaços culturais, nenhuma feira popular, menos associações e agremiações, poucas esplanadas, menos Baixa, menos vida no centro e é menos solidária com os idosos e os jovens. E temos mais lixo, mais acidentes, mais derrocadas, mais prédios ao abandono, o Rio Tejo mais poluído, mais centros comerciais, mais crime, mais ruído, mais sinalética sem sentido, mais trânsito, mais edificação arbitrária, mais rodovias inconsequentes, mais obras de fachada, mais desorganização, mais esbanjamento e pouca transparência, ou seja, menos qualidade de vida.

NÃO QUEREMOS
Não queremos mais assistir à conversão progressiva da nossa Câmara em agência dos negócios imobiliários e da construção civil. Nos últimos anos a gestão da cidade tem-se limitado a impulsionar múltiplos negócios de rendimento garantido, como o do Parque Mayer e a tentativas de concretizar ideias delirantes, insensatas e esbanjadoras como o Túnel do Marquês.
A verdade é que o futuro de LISBOA está a ser, sistematicamente, planeado na prossecução dos interesses dos negócios imobiliários. Vejam-se os Planos da Expo 98 (sobretudo nas suas posteriores revisões), de Braço de Prata, da Ajuda, do Alto do Lumiar, da Artilharia 1, de Alcântara, da 24 de Julho, e da ex-Feira Popular.

LISBOA TEM QUE MUDAR.
E MUDAR PASSA POR:
-acabar com a promiscuidade entre a Autarquia e a construção civil, com averiguação e publicitação do modo, como e a quem são adjudicadas as empreitadas de obras municipais e o fornecimento de bens e serviços;
-auditar todas as empresas municipais;
-rever o PDM com base na estrutura ecológica da cidade, com concretização dos denominados Corredores de Monsanto e Vale de Alcântara, Parque Periférico e Sistema de Chelas (de modo a que a frente ribeirinha, Avenida da Liberdade, Parque Eduardo VII, Monsanto, Alcântara, Ajuda, Ameixoeira e Chelas, mantenham um eixo de ligação e estas duas últimas se integrem finalmente na cidade) e promover a efectiva participação dos cidadãos;
-acabar de vez com a construção de obras públicas sem enquadramento legal, sem concepção devidamente integrada e sem a aferição de impactos e consequências urbanísticas pelas entidades para isso habilitadas (ex.: Túnel do Terreiro do Paço, Túnel do Marquês e Viaduto de Algés, CRIL - troço Buraca Pontinha);
-democratizar e descentralizar a Câmara Municipal de Lisboa organizando-a em função das necessidades dos seus bairros.

UMA CANDIDATURA INDEPENDENTE
Ora, não é nas candidaturas já existentes que antevemos a concretização destas mudanças e, muito menos, qualquer decréscimo da nossa preocupação ou uma viragem drástica no modo de gestão da CIDADE. Por isso, impõe-se o aparecimento e a consequente constituição de uma candidatura que integre todos os elementos e forças capazes da realização destes objectivos e de criar uma nova maneira de servir a CIDADE DE LISBOA.
É com vista ao cumprimento e concretização dos objectivos que temos por essenciais e à reabilitação do serviço público de gestão da CIDADE que apoiamos o cidadão JOSÉ SÁ FERNANDES a assumir a liderança deste projecto e a candidatar-se nas próximas eleições autárquicas à presidência do Município de LISBOA, apelando aos lisboetas, sem discriminação, que apoiem esta candidatura.

LISBOA VAI MUDAR.
5 de Maio de 2005