As cores da pátria
Mais um artigo de Nuno Rogeiro na revista SÁBADO:
Fosse eu um demagogo à antiga, e explicava que a noção de Portugal multirracial não se compadece com a ideia do "Poder Branco". Nada é branco na Lusitânia, e só mesmo um Wim Wenders conseguia ver o branco em Lisboa (o reflexo solar não é branco, é luminoso).
Fosse eu um demagogo à antiga, e lembrava que os nacionalistas mais esclarecidos de outros tempos, crentes nessa ideia de "muitas raças, um Estado" (como etapa histórica que poderia levar a outros modelos), propuseram, um dia, que a capital política se mudasse, de armas e bagagens, do Terreiro do Paço para Luanda, ou para a pitoresca Bissau.
Fosse eu um demagogo à antiga, e ainda sobre Bissau (onde se saúda uma eleição em paz, como se cumprimenta um filho pelos anos), lembrava Honório Barreto, o administrador, o homem público, o oficial de artilharia, o estudioso da Senegâmbia, o filho da terra e o governador negro da Guiné, no fim do século XIX. E recordava, sem ter de ir a fenícios e cartagineses, que o patriotismo português se fez de goeses e macaenses sem mácula ariana, de mestiços brasileiros, carregados zairenses e claríssimos cabo verdianos, algarvios tisnados e brancos moçambicanos, futebolistas celtas e poetas negros.
Fosse eu um demagogo à antiga, e voltava a contar aos meus filhos, para que contassem aos meus netos, a História de Portugal que me ensinaram, onde até a “'Raça" era uma meta-etnia, feita de espírito, e não de pele.
Fosse eu um demagogo à antiga, e diria que me sentia mais português numa roça anónima de São Tomé, do que na quinta das celebridades.
Vistas bem as coisas, talvez precisemos, outra vez, de demagogos à antiga.
Mas o amor pelas raízes, e pela dignidade nacional, e por este povo que tem sofrido as passas do Algarve, não nos desobrigam de olhar a realidade de frente, e com olhos de ver.
Ora o que olhamos é uma sociedade sem regras, um Estado sem princípios, uma nação sem valores. Dir se á que é assim por todo o lado: primeiro viver, depois filosofar. O ritmo das ocupações, a nossa condição de térmitas em fila para o matadouro, a rotina e a sobrevivência deixam pouco tempo para a "moral".
Por outras palavras, é a selva. Nela cresce um conjunto de tribos que, aproveitando a falta de vínculos, o egoísmo, o isolamento, a inabilidade pública, a divisão, olha para os cidadãos como cordeiros de sacrifício.
O tempo pertence aos bandos. É sempre assim com poderes fracos, ou em dúvida.
Do que precisamos é de, antes que a serpente cresça, destruir os seus ovos. De uma vez por todas, a guerra aos gangues sem quartel nem desculpas é uma condição mínima de existência.
Do que precisamos é de indignação cívica face à insegurança, à violência, aos grupos que se apropriaram de parte das cidades e dos bairros.
Não precisamos de manifestações acéfalas, que vendam gato por lebre: o racismo – branco ou preto – é uma forma de insegurança.
E Portugal, como diria o demagogo à antiga, não tem cor.
Nem tem preço.
16 Comments:
Já sei que o Rogeiro não é muito bem visto por muitos sectores nacionalistas. Não me choca! Este artigo é essencial...
Concordo totalmente! Até estava a escrever umas coisas sobre o arrastão (que ninguém sabe se foi perpetrado por malta com ou sem BI), mas agora já não será necessário... E daí...
Grande abraço ao Manuel
É por causa disto (que o Rogeiro escreveu) que me custa ver chegar isto onde chegou.
E como eu já disse noutra tasca - Se o caminho tem que passar pelo tribalismo... caralho me foda se eu não mataria (morreria) para voltar a ter um ESTADO, uma IDEIA, uma ORDEM e HOMENS FIEIS A PRINCIPIOS!
Legionário
Enfim....
Não há palavras que descrevam o ódio ao Portugal branco e europeu que transparece este artigo do Nuno Rogeiro.
Para Rogeiro, o Portugal branco não tem cabimento. Tem cabimento, isso sim, o Portugal mestiço. É uma ideia anti-raça, mas por outro lado profundamente racista: nega qualquer identidade baseada na ancestralidade e na família de facto. É contra a diversidade universal. E, nesse sentido, Rogeiro é Totalitário! Totalitário e arrasador, pois defende a tábua rasa para toda a História portuguesa pré-séc.XV. Para gente como o Rogeiro, Portugal só existe a partir do séc. XV e ainda não se habituaram à ideia da descolonização. Quer ser mais papista que o papa, ou melhor, mais salazarista que Salazar.
Se o Rogeiro se acha mais português em Bissau, ele que emigre para lá e que confraternize com os seus irmãos africanos.
Eu, como português branco, tenho o direito à minha IDENTIDADE, e não é um «pensador» totalitário e neo-colonialista como o sr. Rogeiro que me vai negar esse DIREITO!
Tenho o Direiro à minha Identidade e, mais do que isso, tenho Direito a defender e lutar pela Identidade do Portugal Europeu.
Se o Sr. Rogeiro se acha no direiro de reclamar por um Portugal negro, porque é que não pode haver gente que queira um Portugal branco? Hipocrisias...
O Rogeiro é racista porque nega a importância da raça branca!
O Rogeiro é salazarista. Anda a soldo do Cruz Rodrigues... é mais um lacaio dos pretos.
É contra a a diversidade universal e faz tábua rasa da cultura antes do século XV.
Nós da cultura portuguesa não queremos apenas o cristianismo, a mescigenação, a relação com o Brasil e África, a assimilação de vários povos, a monarquia... Esse gajo anda a inventar a história a seu belo prazer!
Nós queremos a unidade dos povos BRANCOS! A verdadeira unidade europeia, que nos leve para junto dos povos que são mesmo nossos irmãos: Dinamarqueses, Voivodas-Hugaros, Kazakes, os nossos irmãos das ilhas Faroé, ou as nossas almas gémeas da Irlanda do Norte!
VIVA PORTUGAL BRANCO E EUROPEU!
Caro Pedro Guedes,
Eu compreendo muito bem o Portugal de ontem e o Rogeiro não percebe NADA do Portugal de hoje. A diferença é que eu, ao contrário do Rogeiro, coloco o Portugal de ontem no seu devido lugar: ontem. E o Rogeiro quer trazer para o presente o Portugal de ontem.
Estás a ser ingénuo em relação ao Rogeiro. O Rogeiro, neste artigo, depois de descrever o que eram os «demagogos à antiga», diz muito claramente:
«Vistas bem as coisas, talvez precisemos, outra vez, de demagogos à antiga.»
Isto é a prova que ele QUER regressar ao passado.
A questão é que, nesse passado que dizes que eu não compreendo, tinhamos um Império, e tinhamos soberania sobre esses territórios ultramarinos. E tirávamos dividendos de facto dessa situação, além de termos conseguido evitar todos os fluxos migratórios de africanos e asiáticos do império para a metrópole, que se manteve realmente branca até 1974, coisa que o Rogeiro não pode negar.
O Rogeiro quer, portanto, repetir um passado num presente incapaz de manter a harmonia das coisas.
Repetir no presente o passado é tão simples quanto isto: Recriar no Portugal continental toda a experiência do Império, importando para cá os africanos, brasileiros, asiáticos, juntamente com os seus costumes e vivências. E isso será impossível num ambiente de convivência harmoniosa.
Porra!, vejam o que disse hoje no DN o Carlos Blanco de Morais:
«De acordo com o Observatório Permanente da Juventude, de entre 40% dos jovens inquiridos de origem africana que possuem nacionalidade portuguesa, apenas 4% se identificam primariamente como cidadãos portugueses.
(...)
A imposição do novo critério do jus solis convidará a uma "invasão" de Portugal por ilegais que aqui virão ter filhos "portugueses" e que não poderão ser expulsos do País, já que a Constituição proíbe que os pais possam ser separados dos filhos.Será, finalmente, que os patrocinadores da revisão legal calcularam a possibilidade de novas manifestações, como a do Martim Moniz, virem a passar de 500 para 5000 participantes, já nos próximos anos?»
Para terminar:
Esses neo-colonialistas frustrados querem que em Portugal continental caiba todo o Antigo Império perdido nos idos da década de 70. Ainda não se conformaram e, visto que não vão conseguir reconquistar pelas armas os territórios perdidos, querem fazer de Portugal continental uma espécie de museu ou jardim zoológico daquilo que era o Portugal PluriContinental.
Mas alguém tem dúvidas que o Portugal metropolitano não tem condições nenhumas para receber todo o antigo império? Vejam Carcavelos, vejam a linha de Sintra.
Esses "jovens" que o Rogeiro tanto gosta, não se sentem MINIMAMENTE Portugueses. Dizer o inverso não passa de uma construção totalmente ideológica e totalmente alheia da realidade concreta.
Como eu já escrevi algures, tenho colegas Cabo-Verdeanos na faculdade que nem Português sabem falar e escrever. É isto que são os Portugueses?
Eu tenho um incrível orgulho no nosso passado imperial. Mas quem fez o Império não foram os mestiços de Cabo-Verde, ou os negros-carvão da Guiné. O Génio esteve e sempre está nos Portugueses brancos que o Rogeiro tanto abomina. A esses cabe a exclusiva iniciativa e mérito da Glória quinhentista e seiscentista portuguesa.
Portugal são os Portugueses de Portugal. Não os "portugueses" por decreto ou por invenção.
E se não queremos que o génio Português desapareça de uma vez por todas, há que preservar o BERÇO e a IDENTIDADE.
Quem começa logo por dizer: «Nada é branco na Lusitânia», só pode ser um inimigo de Portugal. Se nada é branco na Lusitânia, então é o que? Tudo é negro na Lusitânia? Ainda não, mas graças a estes neo-colonialistas, para lá caminhamos. É isso que ele quer? Sim, é claro que é isso que ele quer: que não se veja ponta de branco na Lusitânia.
Termina o artigozeco dizendo que é contra o crime. Contra o crime?? Mas alguém de bom-senso e realista pode acreditar que é possível acabar com o crime enquanto cá permanecerem centenas de milhares (a caminhar para os milhões) desses «portugueses» vindos do Império?
São nabos ou quê???? Vejam o que se está a passar na Holanda, em Paris, Londres, e o que vem acontecendo desde a década de 60 nas grandes cidades do EUA! É isso que o Rogeiro quer impor aos abomináveis portugueses brancos?
Estar contra uma lei da nacionalidade que fomenta a nacionalização de pessoas que nada têm a ver com Portugal não é o mesmo que querer um Portugal branco...
Não é possível eliminar o crime. Pode controlar-se a criminalidade proveniente do desenraízamento e pobreza, através de restrições e integrações, mas não se poderá eliminar nunca o crime (o Paraíso na Terra não existe nem existirá).
O NR quer regressar ao passado? Mas o Filipe não quer? Não falou do Portugal pré-expansionista?
Porque é que se deve escolher o passado "puro" do século XIV ao legado que subsiste do século XV até agora de um Portugal como raça do espírito? O que nos foi transmitido foi uma Nação que inclui assimilados das colónias... Isso é que é o real! A pureza de que fala o Filipe é a dos nefilibatas que tantas vezes criticou! Se devemos aceitar o real, aceitemos a convencionalidade da Nação como nos foi transmitida...
Sob a capa do combate ao crime (combate legítimo) querem retirar a cidadania aos portugueses não-brancos?
Penso que existem poucas dúvidas de que a cooperação foi o Génio da nossa expansão ultramarina, tal é o número de dependências, colónias estipendiárias, zonas de administração...
"Nada é branco" não significa "tudo é negro"! O que indica uma retórica falaciosa ou, no mínimo, maniqueísta...
Gente que não fala português não deveria poder entrar nas Universidades portuguesas (infelizmente os brancos também não falam a língua-mãe). Mas esse é o erro político de que há muito padecemos...
Um Estado que não apela à virtude cívica e moral, que não exige os deveres dos seus membros não se cimenta na sua formação! Esse é o erro...
E quantos brancos portugueses não se consideram cosmopolitas, europeus, apátridas? São melhores que os pretos?
«E Portugal, como diria o demagogo à antiga, não tem cor.
Nem tem preço.»
Se eu fosse um demagogo à antiga diria que o Nuno Rogeiro merece bem a reputação de que goza entre os nacionalistas, se eu fosse um demagogo à antiga diria que o Nuno Rogeiro tem preço, se eu fosse um demagogo à antiga diria que o Nuno Rogeiro fez-se pagar bem.
Ah...e mais uma coisa, o império português não representou qualquer ideal romântico, qualquer espécie de objectivo espiritual exclusivo de uma ideia de portucalidade, o império português, como todos os outros na história da humanidade( e foram tantos que não teria espaço aqui para os enumerar a todos), representou apnas uma coisa: a exploração económica dos territórios e povos extra-europeus por uma elite, absolutamente nada mais.
É também porque vivemos muitos séculos da exploração dos outros que a mentalidade do português médio é a de bandalhice, nunca foi preciso lidar com os problemas do país e preparar devidamente o futuro, havia sempre possibilidade de ir vivendo das colónias, acabou o tacho e ficámos entregues apenas a nós, o resultado está à vista.
"... acabou o tacho e ficámos entregues apenas a nós, o resultado está à vista."
Ora aqui está uma afirmação pertinente.
A agora a 'teta' Europeia está com menos leite e os resultados estão à vista. :)
Mas, cuidado, não se queiram deitar ao 'lixo' 550 anos da nossa História.
O Filipe BS e o Rebatet já disseram o essencial sobre a questão racial. O Rebatet, no entanto, pareceu-me ingénuo quando disse que o NRogeiro se vendeu... como se ele tivesse mudado de ideias.
Mas ó Rebatet, tu próprio o disseste no teu blogue melhor do que ninguém: a «Direita» supostamente nacionalista portuguesa que derivou do Estado Novo, nunca foi realmente nacionalista, mas apenas patriota. E não tinha um sentido de Estirpe, de Sangue, mas tão somente de Império, de Estado.
É a Direitazinha dos livrinhos dos filósofos patriotas portugueses - aqueles que se formaram no Cristianismo (não leves a mal...;)) e no Universalismo «Português», que é o mesmo que dizer, uma globalização em versão tuga.
É a Direitazinha que quer manipular a História, de modo a fazer crer que os Portugueses «sempre foram anti-racistas», escondendo as partes do passado que desmentem esse revisionismo lava-cérebros (ou suja...). É a Direitazinha criada a partir dos mosteiros e da elite educadinha pelos padrecos - uma Direita longe do Portugal profundo, onde o verdadeiro português lá ir à missa vai, mas não acha piada nenhuma a que um filho seu se una com uma negra.
É a Direitazinha que quer fazer esquecer que o verdadeiro Povo diz «De sangue misturado e de moço refalsado, livrai-nos Deus».
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
É, em suma, a Direitazinha que apoia o imperialismo e quer retornar ao que, embora tenha alcançado glória, nunca deveria ter existido: o Império Português.
O Império que, aliás, nunca alterou significativamente o Portugal verdadeiro, isto é, o da Europa, que sempre continuou branco - e se assim não tivesse sido, a população portuguesa de hoje seria mais parecida com a cabo-verdeana do que com a da Itália, da Grécia, do sul de França, da Espanha ou mesmo da Irlanda, em certos casos. Por esse motivo, carece de sentido a pretensão daqueles que dizem que, depois do Portugal do século XII, veio o Portugal do século XV, que é mais civilizado e chegou até hoje...
E mesmo que esse Portugal Mulato se tivesse imposto de norte a sul a partir do século XV... será que tal aberração teria legitimidade sobre tudo o resto?
Enfim, dá-me ideia de que é a raiz que determina a identidade; impor uma alteração ao que já existe, é desvirtuar aquilo que já existe...
Eu falo em Justiça; em determinar quem chegou primeiro. E, assim, Portugal é branco europeu, tal como era quando nasceu, ou então pura e simplesmente não é Portugal.
Não há Portugal mestiço. E entre Obikwelu ou um atleta grego, prefiro sem dúvida que ganhe o segundo.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
O Rogeiro esteve ao nivel a que sempre nos habituou, não nos podemos esquecer que para o movimento africanista ups, nacionalista a que ele pertenceu defendia que Portugal era um pais AFRICANO.
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