“Quem pode contar os grãos de areia do mar e as gotas da chuva de todos os dias?"
Tanto se fala agora na importância da comunicação que me pareceu oportuno transcrever uma passagem de Gustavo Corção, no seu artigo "Formação e Informação".
(...) E aqui já se entrevê qual é a fraqueza, a rigidez, a opacidade deste espesso mundo moderno em que vivemos. Diríamos que essa fraqueza está justamente na força em que o mesmo mundo se gloria, isto é, na mecanização do conhecimento, ou na robotização do homem. A tendência de valorizar as causas materiais, os dados, os fatos, e de supervalorizar a informação leva o homem, irresistivelmente, a pretender impor essa técnica a todos os grandes problemas humanos.
Ora, hoje no século XX, como ontem no XIX, e anteontem no século de Péricles, o homem é sempre o mesmo incôngruo ser que depende imediatamente de coisas materiais mas aspira sempre às coisas que transcendem o mundo inferior onde tem o pé e onde aplica as mãos. A vida humana é uma longa procura e uma longa conquista. E qual é o objeto dessa ansiosa indagação? Responderíamos como Santo Agostinho a si mesmo respondeu: quero conhecer Deus e a minha alma.
O saber tem muitos graus, desde os mais baixos onde o homem procura a ciência das coisas inferiores de que depende, até os mais altos em que procura a sabedoria que lhe diz o que é ele, de onde vem e aonde vai. E nesse grau de saber não é por um somatório de informações que o homem progride, e sim por uma integração de princípios, de valores, de normas que se incorporam à alma dando-lhe os habitus com que saberá atender com facilidade e firmeza aos difíceis desafios da vida.
A sabedoria dá ao homem uma formação interior, um modo global e íntegro de ser, e uma aptidão pronta e segura para as mais altas exigências do espírito.
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