domingo, agosto 14, 2005

A blogosfera segundo o Diário de Notícias

Na sua secção de media o "Diário de Notícias" publica uma espécie de ponto da situação sobre o estado actual da blogosfera portuguesa, sob o título "Blogues políticos deixam de ser motores da blogosfera nacional".
Nos subtítulos pode ler-se que "Férias e fim de instabilidade política fazem baixar acessos à blogosfera", e "Renovação. Os blogues culturais conquistam terreno na blogosfera". Surge ainda destacada a frase "Não é imprescindível, neste momento, ler blogues políticos" como durante a Guerra no Iraque".
O trabalho é assinado por Marina Almeida e Miguel Gaspar, e merece a pena ser lido. Sobretudo para acompanhar e compreender o que se passa a este respeito na comunidade jornalística. E verificar como mesmo nesta matéria aquele meio funciona geralmente em circuito fechado. Esta "análise" parece uma conversa entre compadres!

A blogosfera dá sinais de estar a enfrentar uma fase de recessão, depois de um crescimento constante desde 2003. Apesar de este ser um período de férias, a actualidade levou à perda de fôlego de alguns blogues, especialmente os políticos (o fim do Barnabé foi o episódio mais marcante) e a chegada de novos protagonistas, em projectos culturais.
O Weblog.com.pt é um dos servidores que alojam blogues portugueses. Em Abril registou um "pico" de 4,29 milhões de leitores, depois de dois anos em crescendo. Em Junho, de acordo com Paulo Querido, este número caiu para os 3,1 milhões, mas este dado está longe de significar uma decadência da blogosfera "o que foi virtual foi esse pico por causa do período de eleições, agora estamos num ritmo normal", considera.
O apresentador do programa A Revolta dos Pastéis de Nata, Luís Filipe Borges, colaborador do blogue Causa Nossa, anda pela blogosfera há dois anos. Em Agosto de 2003 fundou o Desejo Casar, com "muita gente [12 pessoas] com vontade de escrever e bastante cínica em relação à política". O projecto "definia-se por oposição aos blogues mais políticos, ideológicos, que nunca achei muito importantes", contou ao DN.
"O político tem um lado ridículo, parecem miúdos a medir pilas no recreio a ver quem é mais de esquerda e mais de direita, são pessoas que se levam muito a sério", diz Borges, que identifica três "momentos-chave da blogosfera: um primeiro, político, outro da ditadura do humor e o actual, cultural, com blogues essencialmente unipessoais".
'Barnabé'. Com o "fim de emissão" do Barnabé, o blogue mais comentado de sempre no Weblog.com.pt - mais de 61 mil comentários, quase o dobro do número dois desta contagem, o Afixe -, fechou-se um episódio da blogosfera lusa.
Daniel Oliveira, do extinto Barnabé, disse ao DN que "os blogues nasceram em Portugal em posições muito radicalizadas à esquerda e à direita, por causa da situação política da época, nomeadamente a questão do Iraque e o Governo de Durão Barroso. Com o novo Governo, essa situação mudou. É normal que estes blogues estejam a deixar de ser o motor da blogosfera".
O Barnabé nasceu "de uma determinada conjuntura Iraque, Governo PSD-PP" e era feito por Daniel Oliveira e cinco dos seus melhores amigos. Os novos elementos, que entraram mais tarde, "mudaram a identidade do blogue", sublinhou.
O sucesso do blogue é tanto que, mais de um mês depois da sua extrema-unção, ainda é visitado diariamente por perto de três mil cibernautas.
Pedro Mexia (Fora do Mundo) não considera "que seja imprescindível, neste momento, ler blogues políticos, ao contrário de momentos como a Guerra no Iraque, por exemplo". No entanto, não dispensa o Blogue de Esquerda e o Causa Nossa, à esquerda, o Blasfémias e o Acidental, à direita. E o Abrupto, apesar de ser um "caso diferente" - "o Pacheco mete os quadros e a Ursa Maior mas é uma continuação do que ele faz noutros meios". "O Barnabé misturava uma espécie de revista académica de esquerda com um lado de 24 Horas, que funcionava muito bem", diz. O fim do projecto não o surpreendeu, porque os blogues colectivos são sempre mais difíceis de gerir e "o confronto [entre os cronistas] é online, à vista de toda a gente, em tempo real. Não há mediação, as crises são muito expostas, há um lado de telenovela, de zanga em público".
Renovação. José Mário Silva, do Blogue de Esquerda (BDE), um dos mais antigos (com dois anos) e mais lidos blogues portugueses, corrobora a ideia de que a blogosfera acompanha o "turbilhão" do País. No arranque do "fenómeno", no início de 2003, houve uma "espécie de febre", e que "todos actualizavam, todos discutiam uns com os outros". Agora há uma "maior serenidade" e uma "estabilização".
João Miranda (Blasfémias) acredita que a blogosfera está "numa espécie de idade madura, em que as coisas não têm tanta notoriedade". No início "havia uma preocupação de receber quem chegava de novo, era anunciado e hoje isso já não acontece". Este blogger do Porto, que é doutorado em engenharia, investigação e biotecnologia, destaca também a profusão de blogues culturais. "Houve uma explosão de blogues que fraccionou os interesses e, neste momento, dificilmente alguém conhecerá tudo, a blogosfera ficou muito grande." No entanto, este blasfemo recusa a ideia de decadência da blogosfera. "Se houvesse esse risco, teria sido em 2003 ou 2004. O que há é uma renovação, com maior diversidade, nichos e ecossistemas, os blogues são mais temáticos."
Paulo Querido ri-se quando se fala em maturidade da blogosfera "Nunca esteve e nunca estará! É muito cedo, a tecnologia não pára de evoluir e enquanto não estiverem preenchidas as necessidades de comunicação das pessoas, teremos uma inovação muito grande". Para este blogger, o que há é "um certo cansaço e uma espécie de reagrupar" de forças no ciberespaço.

2 Comments:

At 11:17 da tarde, Anonymous Anónimo said...

É parece que alguns se julgam donos e merecedores do todos os louros de determinadas formas da comunicação. Parece que estes "amigos" se esquecem que o país existe e que as pessoas anónimas já falam entre elas de muitas e variadas formas. Falndo por mim só vou ler o que me apetece e o que me desperta a atenção e curiosidade e se não gosto não volto. Não me regulo por quaisquer motores e muitos menos impingidos por pseudo jornalistas que pretende revitalizar algo a que os proprios renunciaram por ter arranjado outra ocupação ou porque simplesmente já não lhes apetece... estão no seu direito...
Quanto a nós, mesmo anónimos e sem lugar no "circulo fechado de amigos" porque assim também queremos, cá continuamos a falar entre nós, mesmo que nunca descubramos qual é "O sexo dos anjos". É que ao contrário do que existe e se pensa por esses jornais nacionais, o que se vai escrevendo pela bloguesfera anónima tem muito valor e é cada vez mais importante ao nivel local, daí até ao nacional é um passo. Um Abraço Amigo...

 
At 6:49 da tarde, Blogger nikonman said...

Esse artigo é uma cagada e já o disse na minha Praça.
Subscrevo a opinião do ajramos.

 

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