A rentrée
Retemperado pelas férias, aliás interrompidas pelo imperativo protocolar da condecoração dos U2, o venerando Chefe de Estado quis assinalar a rentrée com uma visita ao Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil.
Falou em português, pelo que me foi possível apreciar (na medida das minhas limitações) as pérolas da sua oratória sem precisão de tradutor. Compreende-se, agora falava para os indígenas e o inglês é mais próprio para actos oficiais.
Rendo-me mais uma vez: Sua Excelência brindou-nos, com o tom solene que é seu timbre, com uns quantos pensamentos em que a profundidade só rivaliza com a originalidade.
Dissertou sobre fogos. Retive, entre outras maravilhas que certamente me escaparam, que os incêndios devem merecer uma "meditação séria", que o país tem um "problema de ordenamento sério", e que este se relaciona, especificamente, com a "reestruturação da floresta". Apelou a um "debate sério" (a partir de Setembro), e rematou, imparável (esta parte transcrevo ipsis verbis): "Temos que saber que floresta queremos, de que maneira queremos organizar esse recurso fundamental. A reestruturação da floresta portuguesa está na ordem do dia e a partir de Setembro todas as energias têm que ser voltadas para este debate". "Está a chegar o momento em que não podemos adiar mais isto".
Eh pá, o caso é sério!
4 Comments:
Coragem, caro Manuel, só faltam 5 meses para o homem dar lugar a... outro igual ou pior!
O homem que compare Portugal no inicio do seu 1º mandato e Portugal no final do seu 2º mandato, e limpe as mãos à parede pelo "bonito serviço" feito.
diogenes
Convencionou-se dizer que nas urnas fazem-se sempre as contas.
Que melhor desculpa pode ter um político 'à portuguesa' para poder exercer a sua irresponsabilidade e nunca pagar por ela, mesmo que as vítimas inevitáveis sejam uma consequência dessa sua "qualidade"?
Reestruturar a floresta como se reestrutura um gabinete.
As florestas compostas de carvalhos, castanheiros, pinheiros e outras espécies também não escaparam aos incendiários via terrestre e aérea, como se o grande causador fosse apenas e só o clima, nem uma palavra sobre os criminosos que ateiam e os que lucram com as ignições, como gosta de chamar o douto PM.
As ignições são auto ignições, portanto os responsáveis são apenas os donos das florestas.
Este domingo passado fui despertado por fuzilaria e pensei que tinha havido um golpe militar ou que seria o início da guerra civil. Fiquei mais descansado quando os cães do sítio bateram à porta dos donos, com medo dos tiros; é que tinha começado a época de caça, com um corredor imenso, para matar o resto das rolas que ainda sobreviveram, não bastam os animais que morreram vítimas dos incêndios, apareceram mais estes com direito a caçar e a roubar tudo o que lhes aparece pela frente.
Ordenamento da floresta... e ordenamento de quem e quem deve ser entregue o serviço de bombeiros, florestais e sapadores.
Por mim e ao que me é dado observar custa muito mais caro manter serviços de bombeiros voluntários que bombeiros do estado, se este ainda existe, o que duvido, é só comparar os equipamentos dos municipais com os voluntários.
Há tempo para equipar a FAP com aviões para combater fogos e não esquecer os equipamentos e Kits dos C 130, que estavam no Montijo e que o SR Vara deixou apodrecer, porque seria que os não deixou actuar?
Será pelo mesmo motivo que o levou a ser promovido de balconista a administrador? Neste caso pode não ter a ver com aviões, mas com aeroportos...
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