O povo em armas
Para se começar a perceber alguma coisa da "crise militar", aconselho a leitura deste pequeno apontamento de Nuno Rogeiro na sua habitual colaboração na revista "Sábado".
E já agora leia-se a boa lembrança do Euro-ultramarino a esse respeito.
E se não for demais repare-se na notícia divulgada nos últimos dias sobre as nossas forças em Cabul, onde umas toneladas de rações tiveram que ser incineradas por há muito terem excedido o respectivo prazo de validade e o pessoal tem andado ocupado entre o passar fome e o comprar frutas e legumes nos mercados locais.
Mosqueteiros e mosquiteiros
Os quadros orgânicos da maioria das unidades militares estão em valores mínimos, ou muito abaixo dos 50%. Há forças no exterior que, repetidamente, precisam de usar veículos alugados ao estrangeiro (incluindo Espanha). Tropas especiais tiveram de comprar fita adesiva, para fixar óculos de visão nocturna às espingardas de assalto. Em teatros de risco, há problemas com o desenho do uniforme, com alguns sistemas de armas e sensores, e até com mosquiteiros, ou falta deles. Quase todos os programas de reequipamento sofrem atrasos, dúvidas, paralisações ou anulações.
Em certos meios políticos, as forças armadas não são nem uma prioridade nem merecem relevo. A sua missão seria bem desempenhada por polícias, ou, se calhar, firmas de segurança.
Por outro lado, há mais dúvidas do que respostas. A questão não é tanto saber quanto é que deviam ganhar os coronéis, mas quantos coronéis deviam existir, em forças reduzidas ao essencial.
Daí que a parte "sindical" da crise seja apenas a epiderme.
2 Comments:
Mais um tiro certeiro do Rogeiro.
Verdade seja dita, é a única razão pela qual compro a revista...
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